Pe Wagner

terça-feira, 24 de agosto de 2010

HOJE TEM MISSA DE SÚPLICAS E BÊNÇÃOS! VENHA RECARREGAR SUA VIDA DE DEUS.

CONVOCAÇÃO PARA RECALL

O fabricante de todos os seres humanos, está convocando as peças fabricadas , independente da marca ou ano, devido a um grave defeito no componente principal e central do coração, ocorrido nas unidades originais chamadas Adão e Eva, resultando na reprodução dos mesmos em todas as unidades subsequentes. Este defeito foi tecnicamente denominado, PECADO, (Peça Enfraquecida Com Anomalias Detectadas no Original), cujo sintoma principal é a perda de julgamento moral. Outros sintomas: Fornicação, Impureza, Conduta desenfreada, Idolatria, Festanças, Inimizades, Rixa, Ciúme, Acessos de Ira, Contendas, Divisões, Inveja, Bebedeira. O fabricante, que não é responsável ou culpado por este defeito, fornece reparo e serviço, gratuito, para corrigir o problema PECADO. O contato com o fabricante é: ORAÇÃO. Quando estiver conectado, delete o executável PECADO utilizando a ferramenta ARREPENDIMENTO e colocando JESUS no coração. Depois, carregue NOVA PERSONALIDADE. Não importa o tamanho do defeito PECADO, NOVA PERSONALIDADE o substituirá por: Amor, Alegria,Paz, Longanimidade, Benignidade, Bondade, fé, Brandura, Autodomínio. Por favor, veja o manual de instruções, BÍBLIA SAGRADA, para maiores detalhes. Aviso importante: Continuar a operar a unidade humana sem correção, anula a garantia do fabricante, expondo o proprietário a perigos e problemas numerosos demais para uma listagem e a unidade humana será permanentemente recolhida do mercado.

sábado, 21 de agosto de 2010

COMO É DIFICIL PERDER ALGUÉM!

Dor de perda
© Letícia Thompson

É um caminho inevitável. Temos todos, um dia ou outro, de uma forma ou de outra (e geralmente de várias formas mesmo), que viver isso. Não porque é uma fatalidade do destino, mas porque faz parte da vida.
E cada um de nós vive, mesmo se de maneira dolorosa igual, de um jeito diferente as diferentes perdas pelas quais temos que atravessar.
A pior de todas, é quando alguém que a gente ama morre. Esse é um sentimento de perda irreparável. Um amigo não vale pelo outro, um irmão não vale pelo outro e nada no mundo poderá substituir nossos pais. Tenho uma amiga sábia que diz que "nunca somos velhos o suficiente para ficarmos órfãos." E ela tem razão. E mesmo se o tempo aplaca essa dor, sempre vai ficar dentro da gente aquele sentimento indecifrável de vazio. É a idéia do "nunca mais ver" que dói mais. E quando esta se une à idéia de não termos feito algo mais, não termos dito algo mais, ainda é pior.
Outra dor de perda é quando a pessoa que se ama se vai. Nesse caso existe uma mistura de dor de orgulho e dor de medo de se ficar sozinho, muitas vezes porque o que existia não era realmente amor, mas uma dependência emocional do outro. Dor de orgulho, porque ninguém nessa vida foi feito pra perder. Dor de ter sido deixado, dor de rejeição, que chega a doer até fisicamente. Não adianta dizer nesse momento que "quando se perde um ônibus vem dez atrás", porque a pessoa vai te dizer que o que perdeu era justamente aquele que queria. Mas quando o tempo cura essa ferida (e o tempo cura todas as feridas!) e o coração começa a bater mais forte por outra pessoa, aí então a gente esquece. E ninguém precisa ter medo de ficar sozinho, pois só vai ficar sozinho quem não se abrir a novas possibilidades.
E com isso tudo, o que é preciso mesmo é que aprendamos o sentimento de aceitação. Não passiva, de se deixar levar. Mas aquela de quando se sabe que vai se viver o inevitável, de viver isso da melhor maneira possível. Nenhum de nós está preparado pra isso, mas sabemos que é a vida.
E não deixar que a dor do orgulho possa impedir que vivamos, isso é importante. Alguém me contou recentemente que sofreu dois anos por ter perdido um amor e depois é que reconheceu que o sofrimento não era realmente de amor, mas do orgulho de ter sido deixado. Uma vez reconhecido isso, ele deu um passo à frente e encontrou aquela que hoje em dia é sua esposa, que portanto já fazia parte do grupo que conhecia e freqüentava. É preciso muita sabedoria para se tirar a venda do orgulho dos olhos.
Fazer com que os que amamos saibam disso é uma maneira de se preparar a viver diferente a perda, se esta se der. É preciso dar de si mesmo enquanto se pode. É preciso evitar o "ah, se eu soubesse" e "ah, se eu pudesse voltar" do futuro. É preciso oferecer flores enquanto se pode vê-las e senti-las.
Se você gosta de alguém, diga, demonstre. Nem todo mundo sabe adivinhar. Transforme em gestos e palavras tudo aquilo que se passa no seu coração.
Vive muito melhor dor de perda quem sabe que fez a sua parte. Ainda vai doer, mas de maneira bem diferente.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

O PAI DA CASA DEVE SER O VIGIA!

“Sabei que se o pai de família soubesse em que hora da noite viria o ladrão, vigiaria e não deixaria arrombar a sua casa”. (Mt 24,43)
Deus, ao criar a família dispôs tudo bem ordenado:
Os pais são o terreno.
Os filhos, “as plantinhas” neles enraizados
A mãe, a fonte do amor
O pai, o vigia.
O vigia fica em alerta.
O vigia permanece em prontidão.
Não se sabe a hora que o inimigo pode atacar.
Por isso, o vigia não pode dormir.
Pai, Deus te deu um cetro e uma força especial para que sejas o vigia de tua casa.“É necessário vigiar para assegurar a todos no futuro, a tranqüilidade e a paz do reino,” (Est 16,8)
Pai, tua tarefa primeira, certamente, não é conseguir pagar um colégio particular e nem atender aos pedidos de compra de seus familiares. Antes de tudo tua tarefa é vigiar. Vigiar, inclusive que teus familiares não fiquem enchendo os armários de novos artigos, esquecendo-se de socorrer os pobres. Eis o que nos diz a Palavra: “Vigia o andamento de tua casa e não come o pão da ociosidade”. (Pr 31,27)
Pai, tua missão de vigiar, supera tuas forças humanas. Por isso mesmo, Deus “vem em socorro de tua fraqueza” (Rm 8,26) dando-te um carisma especial: o carisma da paternidade.
Esposas e filhos podem, também, insistentemente pedir a Deus Pai para o esposo e pai este carisma.
O vigia precisa manter-se acordado, de sentinela, mesmo quando todos estão dormindo. Por isso é necessário estar atento para não se deixar levar pelo “sono das coisas deste mundo”. Quando estamos dormindo, na capacidade de reação, nos equiparamos àquele que está morto.
A grande questão é, como permanecer acordados, vigilantes no Senhor, nos tempos atuais?
Sem vigilância a casa pode ser atacada e destruída a qualquer momento.
Quanto mais precioso é o tesouro, maior vigilância ele merece.
Que bem maior que uma família pode haver na face da terra?
Deus é família. Jesus nasceu em uma família.
Você, pai, é constituído por Deus como vigia deste tesouro.
Que honra! Que responsabilidade! Cuide bem dessa bênção recebida por Deus!Participe intensamente da semana da família que acontece nas mais diversos paróquias. Leia também livros que falem de sua identidade e missão de pai. Reflita, participe e descubra como ser um melhor vigia deste maravilhoso tesouro sobre o qual Deus o constituiu como vigia permanente: sua família.
Algumas dicas que poderão ajudá-lo ser um bom vigia:
- Ler a Bíblia todos os dias;
- Participar da missa todos os domingos e, quando puder, durante a semana.
- Rezar o terço diariamente;
- Estimular para que haja todos os dias, ao menos uma oração em família, mesmo que seja breve;
- Criar o hábito de ler um trechinho da Bíblia por dia. Leia você mesmo para dar exemplo (mostrando e testemunhando para seus filhos que Deus não é apenas para mulheres e crianças);
- Renuncie, todos os dias, algo que lhe dá prazer para estar com os seus, brincando, conversando, rezando ou passeando;
- Seja um vigia firme e amoroso, pois Deus assim te constituiu: “Sobre tuas muralhas, Jerusalém, coloquei vigias; nem de dia nem de noite devem calar-se. Vós, que deveis manter desperta a memória do Senhor, não vos concedais descanso algum” (Is 62,6).
Deus abençõe nossos pais!

DEIXAR A RAIVA DE LADO

Meus amigos!
As vezes temos que “passar por cima” de nossa raiva, nosso ciúme ou nossos sentimentos de rejeição e seguir adiante. Somos tentados a ficar presos a nossas emoções negativas como se lá fosse nosso lugar. Então nos tornamos “o ofendido”, “o esquecido” ou “o rejeitado”.
Sim, podemos nos vincular a essas identidades negativas e até mesmo ter um prazer mórbido com isso. Talvez seja uma boa idéia dar uma olhada nesses sentimentos obscuros e tentar descobrir de onde vêm. Mas então chega o momento de passar por eles, deixá-los para trás e seguir adiante em nossa viagem.
Um abraço a todos!

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

EDUCAR SEMPRE OS FILHOS: DEVER SANTO DOS PAIS CRISTÃOS!

EDUCAR SEMPRE
IÇAMI TIBA

1. A educação não pode ser delegada à escola. Aluno é transitório. Filho é para sempre.

2. O quarto não é lugar para fazer criança cumprir castigo. Não se pode castigar com internet, som, tv, etc...

3. Educar significa punir as condutas derivadas de um comportamento errôneo. Queimou índio pataxó, a pena (condenação judicial) deve ser passar o dia todo em hospital de queimados.

4. É preciso confrontar o que o filho conta com a verdade real. Se falar que professor o xingou, tem que ir até a escola e ouvir o outro lado, além das testemunhas.

5. Informação é diferente de conhecimento. O ato de conhecer vem após o ato de ser informado de alguma coisa. Não são todos que conhecem.

6. A autoridade deve ser compartilhada entre os pais. Ambos devem mandar. Não podem sucumbir aos desejos da criança. Criança não quer comer? A mãe não pode alimentá-la. A criança deve aguardar até a próxima refeição que a família fará. A criança não pode alterar as regras da casa. A mãe NÃO PODE interferir nas regras ditadas pelo pai (e nas punições também) e vice-versa. Se o pai determinar que não haverá um passeio, a mãe não pode interferir. Tem que respeitar sob pena de criar um delinquente.

7. Em casa que tem comida, criança não morre de fome . Se ela quiser comer, saberá a hora. E é o adulto quem tem que dizer QUAL É A HORA de se comer e o que comer.

8. A criança deve ser capaz de explicar aos pais a matéria que estudou e na qual será testada. Não pode simplesmente repetir, decorado. Tem que entender.

9. É preciso transmitir aos filhos a idéia de que temos de produzir o máximo que podemos. Isto porque na vida não podemos aceitar a média exigida pelo colégio: não podemos dar 70% de nós, ou seja, não podemos tirar 7,0.

10. As drogas e a gravidez indesejada estão em alta porque os adolescentes estão em busca de prazer.E o prazer é inconsequente.

11. A gravidez é um sucesso biológico e um fracasso sob o ponto de vista sexual na infância e adolescência.

12. Maconha não produz efeito só quando é utilizada. Quem está são, mas é dependente, agride a mãe para poder sair de casa, para fazer uso da droga. A mãe deve, então, virar as costas e não aceitar as agressões. Não pode ficar discutindo e tentando dissuadi-lo da idéia. Tem que dizer que não conversará com ele e pronto. Deve 'abandoná-lo'.

13. A mãe é incompetente para 'abandonar' o filho. Se soubesse fazê-lo, o filho a respeitaria. Como sabe que a mãe está sempre ali, não a respeita.

14. Se o pai ficar nervoso porque o filho aprontou alguma coisa, não deve alterar a voz. Deve dizer que está nervoso e, por isso, não quer discussão até ficar calmo. A calmaria, deve o pai dizer, virá em 2, 3, 4 dias. Enquanto isso, o videogame, as saídas, a balada, ficarão suspensas, até ele se acalmar e aplicar o devido castigo.

15. Se o filho não aprendeu ganhando, tem que aprender perdendo.

16. Não pode prometer presente pelo sucesso que é sua obrigação. Tirar nota boa é obrigação. Não xingar avós é obrigação. Ser polido é obrigação. Passar no vestibular é obrigação. Se ganhou o carro após o vestibular, ele o perderá se for mal na faculdade.

17. Quem educa filho é pai e mãe.

18. Se a mãe engolir sapos do filho, ele pensará que a sociedade terá que engolir também.

19. Videogames são um perigo: os pais têm que explicar como é a realidade, mostrar que na vida real não existem 'vidas', e sim uma única vida. Não dá para morrer e reencarnar. Não dá para apostar tudo, apertar o botão e zerar a dívida.

20. Professor tem que ser líder. Inspirar liderança. Não pode apenas bater cartão.

21. Pais e mães não pode se valer do filho por uma inabilidade que eles tenham. 'Filho, digite isso aqui pra mim porque não sei lidar com o computador'. Pais têm que saber usar o Skype, pois no mundo em que a ligação é gratuita pelo Skype, é inconcebível pagarem para falar com o filho que mora longe.

22. O erro mais frequente na educação do filho é colocá-lo no topo da casa. O filho não pode ser a razão de viver de um casal. O filho é um dos elementos. O casal tem que deixá-lo, no máximo, no mesmo nível que eles. A sociedade pagará o preço quando alguém é educado achando-se o centro do universo.

23. Filhos drogados são aqueles que sempre estiveram no topo da família.

24. Cair na conversa do filho é criar um marginal. Filho não pode dar palpite em coisa de adulto. Se ele quiser opinar sobre qual deve ser a geladeira, terá que mostrar qual é o consumo (KWh) da que ele indicar. Se quiser dizer como deve ser a nova casa, tem que dizer quanto isso (seus supostos luxos) incrementará o gasto final.

25. Dinheiro 'a rodo' para o filho é prejudicial. Mesmo que os pais o tenham, precisam controlar e ensinar a gastar.

26. "A mãe (ou o pai!) que leva o filho para a igreja, não vai buscá-lo na cadeia!"

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

HOJE É DIA DOS PÁROCOS! PARABÉNS A TODOS OS PÁROCOS E VIGÁRIOS PAROQUIAIS QUE CONHECEMOS! LEMBREI DO PAPA LUCIANI QUE FOI UM GRANDE PÁROCO!

Tu és Sacerdote eternamente segundo a ordem do rei Melquisedec!

1Palavra do Senhor ao meu Senhor: “Assenta-te ao lado meu direito até que eu ponha os inimigos teus como escabelo por debaixo de teus pés!”

2O Senhor estenderá desde Sião vosso cetro de poder, pois Ele diz: “Domina com vigor teus inimigos; 3tu és príncipe desde o dia em que nasceste; na glória e esplendor da santidade, como o orvalho, antes da autora, eu te gerei!”

4Jurou o Senhor e manterá sua palavra: “Tu és sacerdote eternamente, segundo a ordem do reio Melquisedec!”

DESTINO EXISTE?

O Destino existe padre?
O destino não existe. Se existisse de nada valeriam os planos de segurança industrial, a medicina, e tudo o mais que visa o bem do homem na terra. Se o destino de cada um já estivesse irremediavelmente traçado, de nada valeria o nosso esforço pessoal e a luta de cada um para ser melhor.
Seria a maior injustiça e incoerência no plano de Deus. Mas o destino não existe. Deus deu a liberdade a cada ser humano para que cada um construa o seu destino, e não, fique sujeito a um cego destino já traçado de antemão. A liberdade é o dom mais precioso que Deus nos deu, e que nos faz à sua imagem e semelhança. Sem ela não seríamos semelhantes a Deus.
Agora, Deus é onisciente, sabe tudo, até o futuro de cada ser vivo. Mas isto não implica que Deus determine o futuro de cada pessoa. Ele sabe qual será este futuro, mas é no presente de cada um que se traça o futuro.
O fato de Deus já saber o que eu vou fazer, porque é Deus, não restringe a minha liberdade nem um pouco. Jesus morreu na Cruz para que fossemos livres de todo mal, especialmente do pecado e do demônio.

A INQUISIÇÃO DA IGREJA

PADRE, SOU ESTUDANTE DE DIREITO NA UNIVERSIDADE FEDERAL. ESTUDEI ESTE ANO SOBRE A SANTA INQUISIÇÃO E FIQUEI ESCANDALIZADO COM A HISTÓRIA DAS INQUISIÇÕES. FALE UM POUCO PARA NÓS!
A Inquisição não foi criada de uma só vez, nem procedeu do mesmo modo no decorrer dos séculos. Por isto distinguem-se:
1) A lnquisição Medieval, voltada contra as heresias cátara e valdense nos séculos XII/XIII e contra falsos misticismos nos séculos XIV/XV;
2) A lnquisição Espanhola, instituída em 1478 por iniciativa dos reis Fernando e Isabel; visando principalmente aos judeus e muçulmanos, tornou-se poderoso instrumento do absolutismo dos monarcas espanhóis até o século XIX, a ponto de quase não poder ser considerada instituição eclesiástica (não raro a lnquisição Espanhola procedeu independentemente de Roma, resistindo à intervenção da Santa Sé, porque o rei de Espanha a esta se opunha);
3) A lnquisição Romana (também dita “o Santo Ofício”), instituída em 1542 pelo Papa Paulo III, em vista do surto do protestantismo.
Apesar das modalidades próprias, a Inquisição medieval e a romana foram movidas por princípios e mentalidade características. Passamos a examinar essa mentalidade e os procedimentos de tal instituição, principalmente como nos são transmitidos por documentos medievais.
Antecedentes da Inquisição
Contra os hereges a Igreja antiga aplicava penas espirituais, principalmente a excomunhão; não pensava em usar a força bruta. Quando, porém, o lmperador romano se tornou cristão, a situação dos hereges mudou. Sendo o Cristianismo religião de Estado, os Césares quiseram continuar a exercer para com este os direitos dos lmperadores romanos (Pontífices maximi) em relação à religião pagã; quando arianos, perseguiam os católicos; quando católicos, perseguiam os hereges.
A heresia era tida como um crime civil, e todo atentado contra a religião oficial como atentado contra a sociedade; não se deveria ser mais clemente para com um crime cometido contra a Majestade Divina do que para com os crimes de lesa´majestade humana. As penas aplicadas, do século IV em diante, eram geralmente a proibição de fazer testamento, a confiscação dos bens, o exílio. A pena de morte foi infligida pelo poder civil aos maniqueus e aos donatistas; aliás, já Diocleciano em 300 parece ter decretado a pena de morte pelo fogo para os maniqueus, que eram contrários à matéria e aos bens materiais.
Agostinho, de início, rejeitava qualquer pena temporal para os hereges. Vendo, porém, os danos causados pelos donatistas (circumcelliones), propugnava os açoites e o exílio, não a tortura nem a pena de morte. Já que o Estado pune o adultério, argumentava, deve punir também a heresia, pois não é pecado mais leve a alma não conservar fidelidade (fides, fé) a Deus do que a mulher trair o marido (epist. 185, n21, a Bonifácio).
Afirmava, porém, que os infiéis não devem ser obrigados a abraçar a fé, mas os hereges devem ser punidos e obrigados ao menos a ouvir a verdade. As sentenças dos Padres da lgreja sobre a pena de morte dos hereges variavam. São João Crisóstomo (†407), bispo de Constantinopla, baseando-se na parábola do joio e do trigo, considerava a execução de um herege como culpa gravíssima; não excluia, porém, medidas repressivas.
A execução de Prisciliano, prescrita por Máximo lmperador em Tréviris (385), foi geralmente condenada pelos porta´vozes da lgreja, principalmente por S.Martinho e S. Ambrósio. Das penas infligidas pelo Estado aos hereges não constava a prisão; esta parece ter tido origem nos mosteiros, donde foi transferida para a vida civil. Os reis merovíngios e carolíngios castigavam crimes eclesiásticos com penas civis assim como aplicavam penas eclesiásticas a crimes civis. Chegamos assim ao fim do primeiro milênio. A Inquisição teria origem pouco depois.
As origens da lnquisição
No antigo Direito Romano, o juiz não empreendia a procura dos criminosos; só procedia ao julgamento depois que Ihe fosse apresentada a denúncia. Até a Alta ldade Média, o mesmo se deu na Igreja; a autoridade eclesiástica não procedia contra os delitos se estes não Ihe fossem previamente apresentados. No decorrer dos tempos, porém, esta praxe mostrou´se insuficiente.
Além disto, no séc. XI apareceu na Europa nova forma de delito religioso, isto é, uma heresia fanática e revolucionária, como não houvera até então: o catarismo (do grego katharós, puro) ou o movimento dos albigenses (de Albi, cidade da França meridional, onde os hereges tinham seu foco principal). Considerando a matéria por si os cátaros rejeitavam não somente a face visível da lgreja, mas também instituições básicas da vida civil ´ o matrimônio, a autoridade governamental, o serviço militar e enalteciam o suicídio. Destarte constituiam grave ameaça não somente para a fé cristã, mas também para a vida pública; ver capítulo 29. Em bandos fanáticos, às vezes apoiados por nobres senhores, os cátaros provocavam tumultos, ataques às igrejas, etc., por todo o decorrer do séc. XI até 1150 aproximadamente, na França, na Alemanha, nos Países´Baixos... O povo, com a sua espontaneidade, e a autoridade civil se encarregavam de os reprimir com violência: não raro o poder régio da França, por iniciativa própria e a contra´gosto dos bispos, condenou à morte pregadores albigenses, visto que solapavam os fundamentos da ordem constituída.
Foi o que se deu, por exemplo, em Orleães (1017), onde o rei Roberto, informado de um surto de heresia na cidade, compareceu pessoalmente, procedeu ao exame dos hereges e os mandou lançar ao fogo; a causa da civilização e da ordem pública se identificava com a fé! Entrementes a autoridade eclesiástica limitava-se a impor penas espirituais (excomunhão, interdito, etc.) aos albigenses, pois até então nenhuma das muitas heresias conhecidas havia sido combatida por violência física; S. Agostinho (†430) e antigos bispos, S. Bernardo († 1154), S. Norberto († 1134) e outros mestres medievais eram contrários ao uso da forma (“Sejam os hereges conquistados não pelas armas, mas pelos argumentos”, admoestava São Bernardo, In Cant, serm. 64).
Não são casos isolados os seguintes: em 1144 na cidade de Lião o povo quis punir violentamente um grupo de inovadores que aí se introduzira: o clero, porém, os salvou, desejando a sua conversão, e não a sua morte.
Em 1077 um herege professou seus erros diante do bispo de Cambraia; a multidão de populares lançou´se então sobre ele, sem esperar o julgamento, encerrando´o numa cabana, a qual atearam o fogo! Contudo em meados do século XII a aparente indiferença do clero se mostrou insustentável: os magistrados e o povo exigiam colaboração mais direta na repressão do catarismo. Muito significativo, por exemplo, é o episódio seguinte: o Papa Alexandre III, em 1162, escreveu ao arcebispo de Reims e ao Conde de Flândria, em cujo território os cátaros provocavam desordens: “Mais vale absolver culpados do que, por excessiva severidade, atacar a vida de inocentes.. A mansidão mais convém aos homens da Igreja do que a dureza.. Não queiras ser justo demais (noli nimium esse iustus)” lnformado desta admoestação pontifícia, o rei Luís VII de França, irmão do referido arcebispo, enviou ao Papa um documento em que o descontentamento e o respeito se traduziam simultaneamente: “Que vossa prudência dê atenção toda particular a essa peste (a heresia) e a suprima antes que possa crescer. Suplico-vos para bem da fé cristã. concedei todos os poderes neste Campo ao arcebispo (do Reims), ele destruirá os que assim se insurgem contra Deus, sua justa severidade será louvada por todos aqueles que nesta terra são animados de verdadeira piedade.
Se procederdes de outro modo, as queixas não se acalmarão facilmente e desencadeareis contra a Igreja Romana as violentas recriminações da opinião pública” (Martene,, Amplissima Collectio II 638s). As conseqüências deste intercâmbio epistolar não se fizeram esperar muito: o concílio regional de Tours em 1163, tomando medidas repressivas à heresia, mandava inqüirir (procurar) os seus agrupamentos secretos. Por fim, a assembléia de Verona (Itália), à qual compareceram o Papa Lúcio III, o lmperador Frederico Barba´roxa, numerosos bispos, prelados e príncipes, baixou em 1184 um decreto de grande importância: o poder eclesiástico e o civil, que até então haviam agido independentemente um do outro (aquele impondo penas espirituais, este recorrendo à força física), deveriam combinar seus esforços em vista de mais eficientes resultados: os hereges seriam doravante não somente punidos, mas também procurados (inquiridos); cada bispo inspecionaria, por si ou por pessoas de confiança uma ou duas vezes por ano, as paróquias suspeitas; os condes, barões e as demais autoridades civis os deveriam ajudar sob pena de perder seus cargos ou ver o interdito lançado sobre as suas terras; os hereges depreendidos ou abjurariam seus erros ou seriam entregues ao braço secular, que lhes imporia a sanção devida.
Assim era instituída a chamada “Inquisição episcopal”, a qual, como mostram os precedentes, atendia a necessidades reais e a clamores exigentes tanto dos monarcas e magistrados civis como do povo cristão; independentemente da autoridade da lgreja, já estava sendo praticada a repressão física das heresias. No decorrer do tempo, porém, percebeu´se que a inquisição episcopal ainda era insuficiente para deter os inovadores; alguns bispos, principalmente no sul da França, eram tolerantes; além disto, tinham seu raio de ação limitado às respectivas dioceses, o que Ihes vedava uma campanha eficiente.
A vista disto, os Papas, já em fins do século XII, começaram a nomear legados especiais, munidos de plenos poderes para proceder contra a heresia onde quer que fosse. Destarte surgiu a “Inquisição pontifícia “ ou “legatina”, que a princípio ainda funcionava ao lado da episcopal, aos poucos, porém, a tornou desnecessária. A Inquisição papal recebeu seu caráter definitivo e sua organização básica em 1233, quando o Papa Gregório IX confiou aos dominicanos a missão de Inquisidores; havia doravante, para cada nacão ou distrito inquisitorial, um lnquisidor-Mor, que trabalharia com a assistência de numerosos oficiais subalternos (consultores, jurados, notários ...), em geral independentemente do bispo em cuja diocese estivesse instalado.
As normas do procedimento inquisitorial foram sendo sucessivamente ditadas por Bulas pontifícias e decisões de Concílios. Entrementes a autoridade civil continuava a agir, com zelo surpreendente contra os sectários. Chama a atenção, por exemplo, a conduta do Imperador Frederico II, um dos mais perigosos adversários que o Papado teve no séc. XIII Em 1220 este monarca exigiu de todos os oficiais de seu governo prometessem expulsar de suas terras os hereges reconhecidos pela lgreja; declarou a heresia crime de lesa´majestade, sujeito à pena de morte e mandou dar busca aos hereges. Em 1224 publicou decreto mais severo. do que qualquer das leis citadas pelos reis ou Papas anteriores: as autoridades civis da Lombardia deveriam não somente enviar ao fogo quem tivesse sido comprovado herege pelo bispo, mas ainda cortar a língua aos sectários a quem, por razões particulares, se houvesse conservado a vida. E possível que Frederico II visasse a interesses próprios na campanha contra a heresia; os bens confiscados redundariam em proveito da coroa. Não menos típica é a atitude de Henrique II, rei da Inglaterra: tendo entrado em luta contra o arcebispo Tomás Becket, primaz de Cantuária, e o Papa Alexandre III, foi excomungado. Não obstante, mostrou´se um dos mais ardorosos repressores da heresia no seu reino: em 1185, por exemplo, alguns hereges da Flândria tendo´se refugiado na Inglaterra, o monarca mandou prendê-los, marcá-los com ferro vermelho na testa e expô-los, assim desfigurados, ao povo; além disto, proibiu aos seus súditos lhes dessem asilo ou Ihes prestassem o mínimo serviço.
Estes dois episódios, que não são únicos no seu gênero, bem mostram que o proceder violento contra os hereges, longe de ter sido sempre inspirado pela suprema autoridade da Igreja, foi não raro desencadeado independentemente desta, por poderes que estavam em conflito com a própria lgreja.
A inquisição, em toda a sua história, se ressentiu dessa usurpação de direitos ou da demasiada ingerência das autoridades civis em questões que dependem primeiramente do foro eclesiástico.Em síntese, pode-se dizer o seguinte:
1) A Igreja, nos seus onze primeiros séculos, não aplicava penas temporais aos hereges, mas recorria às espirituais (excomunhão, interdito, suspensão ...). Somente no século XII passou a submeter os hereges a punições corporais. E por quê?
2) As heresias que surgiram´no século XI (as dos cátaros e valdenses), deixavam de ser problemas de escola ou academia, para ser movimentos sociais anarquistas, que contrariavam a ordem vigente e convulsionavam as massas com incursões e saques. Assim tornavam´se um perigo público.
3) O Cristianismo era patrimônio da sociedade, à semelhança da prática e da família hoje. Aparecia como o vínculo necessário entre os cidadãos ou o grande bem dos povos; por conseguinte, as heresias, especialmente as turbulentas, eram tidas como crimes sociais de excepcional gravidade.
4) Não é, pois, de estranhar que as duas autoridades ´ a civil e a eclesiástica tenham finalmente entrado em acordo para aplicar aos hereges as penas reservadas pela legislação da época aos grandes delitos.
5) A lgreja foi levada a isto, deixando sua antiga posição, pela insistência que sobre ela exerceram não somente monarcas hostis, como Henrique II da Inglaterra e Frederico Barba´roxa da Alemanha, mas também reis piedosos e fiéis ao Papa, como Luís VII da França.
6) De resto, a Inquisição foi praticada pela autoridade civil mesmo antes de estar regulamentada por disposições eclesiásticas. Muitas vezes o poder civil se sobrepôs ao eclesiástico na procura de seus adversários políticos.
7) Segundo as categorias da época, a Inquisição era um progresso para melhor em relação ao antigo estado de coisas, em que as populações faziam justiça pelas próprias mãos. E de notar que nenhum dos Santos medievais (nem mesmo S. Francisco de Assis, tido como símbolo da mansidão) levantou a voz contra a Inquisição, embora soubessem protestar contra o que Ihes parecia destoante do ideal na lgreja.
A Inquisição (II)
Procedimentos da Inquisição
As táticas utilizadas pelos Inquisidores são-nos hoje conhecidas, pois ainda se conservaram Manuais de instruções práticas entregues ao uso dos referidos oficiais. Quem lê tais textos, verifica que as autoridades visavam a fazer dos juíses inquisitoriais autênticos representantes da justiça e da causa do bem.
Bernardo de Gui (séc. XIV), por exemplo, tido como um dos mais severos inquisidores, dava as seguintes normas aos seus colegas: “O Inquisidor deve ser diligente e fervoroso no seu zelo pela verdade religiosa, pela salvação das almas e pela extirpação das heresias. Em meio às dificuldades permanecerá calmo, nunca cederá cólera nem à indignação... Nos casos duvidosos, seja circunspecto, não dê fácil crédito ao que parece provável e muitas vezes não é verdade,´ também não rejeite obstinadamente a opinião contrária, pois o que parece improvável freqüentemente acaba por ser comprovado como verdade... O amor da verdade e a piedade, que devem residir no coração de um juiz, brilhem nos seus olhos, a fim de que suas decisões jamais possam parecer ditadas pela cupidez e a crueldade” (Prática VI p... ed. Douis 232s).
Já que mais de uma vez se encontram instruções tais nos arquivos da Inquisição, não se poderia crer que o apregoado ideal do Juiz Inquisidor, ao mesmo tempo eqüitativo e bom, se realizou com mais freqüência do que comumente se pensa? Não se deve esquecer, porém, (como adiante mais explicitamente se dirá) que as categorias pelas quais se afirmava a justiça na ldade Média, não eram exatamente as da época moderna... Além disto, levar´se´á em conta que o papel do juiz, sempre difícil, era particularmente árduo nos casos da Inquisição: o povo e as autoridades civis estavam profundamente interessados no desfecho dos processos; pelo que, não raro exerciam pressão para obter a sentença mais favorável a caprichos ou a interesses temporais; às vezes, a população obcecada aguardava ansiosamente o dia em que o veredictum do juiz entregaria ao braço secular os hereges comprovados.
Em tais circunstâncias não era fácil aos juízes manter a serenidade desejável. Dentre as táticas adotadas pelos Inquisidores, merecem particular atenção a tortura e a entrega ao poder secular (pena de morte). A tortura estava em uso entre os gregos e romanos pré´cristãos que quisessem obrigar um escravo a confessar seu delito. Certos povos germânicos também a praticavam. Em 866, porém, dirigindo´se aos búlgaros, o Papa Nicolau I a condenou formalmente. Não obstante, a tortura foi de novo adotada pelos tribunais civis da Idade Média nos inícios do séc. XII, dado o renascimento do Direito Romano. Nos processos inquisitoriais, o Papa Inocêncio IV acabou por introduzi´la em 1252, com a cláusula: “Não haja mutilação de membros nem perigo de morte” para o réu. O Pontífice, permitindo tal praxe, dizia conformar´se aos costumes vigentes em seu tempo (Bullarum amplissima collectio II 326).
Os Papas subseqüentes, assim como os Manuais dos lnquisidores, procuraram restringir a aplicação da tortura; só seria lícita depois de esgotados os outros recursos para investigar a culpa e apenas nos casos em que já houvesse meia´prova do delito ou, como dizia a linguagem técnica, dois “índices veementes” deste, a saber: o depoimento de testemunhas fidedignas, de um lado, e, de outro lado, a má fama, os maus costumes ou tentativas de fuga do réu. O Concílio de Viena (França) em 1311 mandou outrossim que os Inquisidores só recorressem a tortura depois que uma comissão julgadora e o bispo diocesano a houvessem aprovado para cada caso em particular.
Apesar de tudo que a tortura apresenta de horroroso, ela tem sido conciliada com a mentalidade do mundo moderno ... ainda estava oficialmente em uso na França do séc. XVIII e tem sido aplicada até mesmo em nossos dias... Quanto à pena de morte, reconhecida pelo antigo Direito Romano, estava em vigor na jurisdição civil da Idade Média. Sabe´se, porém, que as autoridades eclesiásticas eram contrárias à sua aplicação em casos de lesa´religião.
Contudo, após o surto do catarismo (séc. XII), alguns canonistas começaram a julgá-la oportuna, apelando para o exemplo do Imperador Justiniano, que no séc. VI a infligira aos maniqueus. Em 1199 o Papa Inocêncio III dirigia´se aos magistrados de Viterbo nos seguintes termos: “Conforme a lei civil, os réus de lesa´majestade são punidos com a pena capital e seus bens são confiscados.
Com muito mais razão, portanto, aqueles que, desertando a fé, ofendem a Jesus, o Filho do Senhor Deus, devem ser separados da comunhão cristã e despojados de seus bens, pois muito mais grave é ofender a Majestade Divina do que lesar a majestade humana” (epist. 2,1). Como se vê, o Sumo Pontífice com essas palavras desejava apenas justificar a excomunhão e a confiscação de bens dos hereges; estabelecia, porém, uma comparação que daria ocasião a nova praxe... O Imperador Frederico II soube deduzir´lhe as últimas conseqüências: tendo lembrado numa Constituição de 1220 a frase final de lnocêncio III, o monarca, em 1224, decretava francamente para a Lombaria a pena de morte contra os hereges e, já que o Direito antigo assinalava o fogo em tais casos, o Imperador os condenava a ser queimados vivos.
Em 1230 o dominicano Guala, tendo subido à cátedra episcopal de Bréscia (Itália), fez aplicação da lei imperial na sua diocese. Por fim, o Papa Gregório IX, que tinha intercâmbio freqüente com Guala, adotou o modo de ver deste bispo: transcreveu em 1230 ou 1231 a constituição imperial de 1224 para o Registro das Cartas Pontifícias e em breve editou uma lei pela qual mandava que os hereges reconhecidos pela Inquisição fossem abandonados ao poder civil, para receber o devido castigo, castigo que, segundo a legislação de Frederico II, seria a morte pelo fogo.
Os teólogos e canonistas da época se empenharam por justificar a nova praxe; eis como fazia S. Tomás de Aquino: “É muito mais grave corromper a fé, que é a vida da alma, do que falsificar a moeda que é um meio de prover à vida temporal Se, pois, os falsificadores de moedas e outros malfeitores são, a bom direito, condenados à morte pelos príncipes seculares, com muito mais razão os hereges, desde que sejam comprovados tais, podem não somente ser excomungados, mas também em toda justiça ser condenados à morte” (Suma Teológica II/II 11,3c)
A argumentação do S. Doutor procede do princípio (sem dúvida, autêntico em si) de que a vida da alma mais vale do que a do corpo; se, pois, alguém pela heresia ameaça a vida espiritual do próximo, comete maior mal do que quem assalta a vida corporal; o bem comum então exige a remoção do grave perigo (veja´se também S. Teol. II/II 11,4c).
Contudo as execuções capitais não foram tão numerosas quanto se poderia crer. Infelizmente faltam´nos estatísticas completas sobre o assunto; consta, porém, que o tribunal de Pamiers, de 1303 a 1324, pronunciou 75 sentenças condenatórias, das quais apenas cinco mandavam entregar o réu ao poder civil (o que equivalia à morte); o lnquisidor Bernardo de Gui em Tolosa, de 1308 a 1323, proferiu 930 sentenças, das quais 42 eram capitais; no primeiro caso, a proporção é de 1/15; no segundo caso, de 1/22.
Não se poderia negar, porém, que houve injustiças e abusos da autoridade por parte dos juízes inquisitoriais. Tais males se devem a conduta de pessoas que, em virtude da fraqueza humana, não foram sempre fiéis cumpridoras da sua missão. Os Inquisidores trabalhavam a distâncias mais ou menos consideráveis de Roma, numa época em que, dada a precariedade de correios e comunicações, não podiam ser assiduamente controlados pela suprema autoridade da lgreja.
Esta, porém, não deixava de os censurar devidamente, quando recebia notícia de algum desmando verificado em tal ou tal região. Famoso, por exemplo, é o caso de Roberto o Bugro, lnquisidor´Mor de França no século XIII O Papa Gregório IX a princípio muito o felicitava por seu zelo. Roberto, porém, tendo aderido outrora à heresia, mostrava´se excessivamente violento na repressão da mesma. Informado dos desmandos praticados pelo lnquisidor, o Papa o destituiu de suas funções e mandou encarcerar. ´ lnocêncio IV, o mesmo Pontífice que permitiu a tortura nos processos da inquisição, e Alexandre IV, respectivamente em 1246 e 1256, mandaram aos Padres Provinciais e Gerais dos Dominicanos e Franciscanos, depusessem os lnquisidores de sua Ordem que se lhes tornassem notórios por sua crueldade.
O Papa Bonifácio VIII (1294´1303), famoso pela tenacidade e intransigência de suas atitudes, foi um dos que mais reprimiram os excessos dos lnquisidores, mandando examinar, ou simplesmente anulando, sentenças proferidas por estes. O Concílio regional de Narbona (França) em 1243 promulgou 29 artigos que visavam a impedir abusos do poder. Entre outras normas, prescrevia aos lnquisidores só proferissem sentença condenatória nos casos em que, com segurança, tivessem apurado alguma falta, “pois mais vale deixar um culpado impune do que condenar um inocente” (cânon 23). Dirigindo´se ao Imperador Frederico II, pioneiro dos métodos inquisitoriais, o Papa Gregório IX aos 15 de julho de 1233 lhe lembrava que “a arma manejada pelo imperador Não devia servir para satisfazer aos seus rancores pessoais, com grande escândalo das populações, com detrimento da verdade e da dignidade imperial” (ep. saec. XIII 538´550).
Avaliação
Procuremos agora formular um juízo sobre a lnquisição medieval. Não é necessário ao católico justificar tudo que, em nome desta, foi feito. É preciso, porém, que se entendam as intenções e a mentalidade que moveram a autoridade eclesiástica a instituir a Inquisição.
Estas intenções, dentro do quadro de pensamento da Idade Média, eram legítimas, diríamos até: deviam parecer aos medievais inspiradas por santo zelo. Podem´se reduzir a quatro os fatores que influiram decisivamente no surto e no andamento da Inquisição:
1) os medievais tinham profunda consciência do valor da alma e dos bens espirituais. Tão grande era o amor à fé (esteio da vida espiritual) que se considerava a deturpação da fé pela heresia como um dos maiores crimes que o homem pudesse cometer (notem´se os textos de S. Tomás e do Imperador Frederico II atrás citados); essa fé era tão viva e espontânea que dificilmente se admitiria viesse alguém a negar com boas intenções um só dos artigos do Credo.
2) As categorias de justiça na Idade Média eram um tanto diferentes das nossas: havia muito mais espontaneidade (que as vezes equivalia a rudez) na defesa dos direitos. Pode´se dizer que os medievais, no caso, seguiam mais o rigor da lógica do que a ternura do sentimentos; o raciocínio abstrato e rígido neles prevalecia por vezes sobre o senso psicológico (nos tempos atuais verifica´se quase o contrário: muito se apela para a psicologia e o sentimento, pouco se segue a lógica; os homens modernos não acreditam muito em princípios perenes; tendem a tudo julgar segundo critérios relativos e relativistas, critérios de moda e de preferência subjetiva).
3) A intervenção do poder secular exerceu profunda influência no desenvolvimento da inquisição. As autoridades civis anteciparam´se na aplicação da forma física e da pena de morte aos hereges; instigaram a autoridade eclesiástica para que agisse energicamente; provocaram certos abusos motivados pela cobiça de vantagens políticas ou materiais. De resto, o poder espiritual e o temporal na Idade Média estavam, ao menos em tese, tão unidos entre si que lhes parecia normal, recorressem um ao outro em tudo que dissesse respeito ao bem comum. A partir dos inícios do séc. XIV a lnquisição foi sendo mais explorada pelos monarcas, que dela se serviam para promover seus interesses particulares, subtraindo´a às diretivas do poder eclesiástico, até mesmo encaminhando´a contra este; é o que aparece claramente no processo inquisitório dos Templários, movido por Filipe o Belo da França (1285´1314) à revelia do Papa Clemente V; cf. capítulo 25.4) Não se negará a fraqueza humana de Inquisidores e de oficiais seus colaboradores. Não seria Iícito, porém, dizer que a suprema autoridade da Igreja tenha pactuado com esses fatos de fraqueza; ao contrário, tem´se o testemunho de numerosos protestos enviados pelos Papas e Concílios a tais ou tais oficiais, contra tais leis e tais atitudes inquisitoriais.
As declarações oficiais da Igreja concernentes à Inquisição se enquadram bem dentro das categorias da justiça medieval; a injustiça se verificou na execução concreta das leis. Diz´se, de resto, que cada época da história apresenta ao observador um enigma próprio na antigüidade remota, o que surpreende são os desumanos procedimentos de guerra. No lmpério Romano, é a mentalidade dos cidadãos, que não conheciam o mundo sem o seu lmpério (oikouméne ´ orbe habitado ´ lmperium), nem concebiam o Império sem a escravatura.
Na época contemporânea, é o relativismo ou ceticismo público; é a utilização dos requintes da técnica para “lavar o crânio”, desfazer a personalidade, fomentar o ódio e a paixão. Não seria então possível que os medievais, com boa fé na consciência, tenham recorrido a medidas repressivas do mal que o homem moderno, com razão, julga demasiado violentas?
Quanto a Inquisição Romana, instituída no séc. XVI, era herdeira das leis e da mentalidade da lnquisição medieval. No tocante à Inquisição Espanhola, sabe´se que agiu mais por influência dos monarcas da Espanha do que sob a responsabilidade da suprema autoridade da Igreja.

RIQUEZA DA IGREJA CATÓLICA

Padre, o que dizer da riqueza da Igreja?
Quem fala da riqueza da Igreja é porque não conhece a Igreja, sua missão, suas necessidades, etc.
A única Instituição que está no mundo inteiro, por mandato de Deus, com o fim de salvar a todos, é a Igreja. É claro que para cumprir essa missão, ela precisa de dinheiro. Já pensou manter um Núncio Apostolico e um Nunciatura em cada país de mundo; mais de 200, quanto não custa isto!
Além do mais, eu acho que o único Chefe de Estado da Terra que não tem um avião a sua disposíção é o Santo Padre, que viaja pela Alitália. Os bens do Vaticano (que aliás se resume a 0,44 km quadrados) foram doados por pessoas que gostavam da Igreja. Hoje formam o Museu do Vaticano; que é um bem da Humanidade, Patrimônio da Humanidade, como Ouro Preto, Roma, etc. etc, etc.
Não são bens vendáveis. Pertence a toda a Cristandade. Todo ano o jornal do Vaticano publica as contas da Santa Sé; sempre deficitária. A Igreja, até 1870 tinha um Estado Pontifício, boa parte da Itália; pois bem isto lhe foi arrancado violentamente mediante a guerra de unificação da Itália, por Vitor Emanuel II. Restou à Igreja os 0,44 km quadrados de terra. A riqueza do Vaticano é portanto, histórica, e não financeira.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

MASTURBAÇÃO

Meu caro padre, como vencer o vício da Masturbação?
Admiro a sua humildade e franqueza; dou graças a Deus por você.Esta luta contra a masturbação é um verdadeiro espinho na carne! Muitos outros jovens debatem´se contra ela. Voce não está sozinha nesta luta. O mais importante é NUNCA DESANIMAR ou DESESPERAR. Seria fazer exatamente o que o demônio gostaria. O Catecismo da Igreja diz : ´Na linha de uma tradição constante, tanto o Magistério como o senso moral dos fiéis afirmaram sem hesitação que a masturbação é um ato intriínseca e gravemente desordenado. Qualquer que seja o motivo, o uso deliberado da faculdade sexual fora das relações conjugais normais contradiz sua finalidade. Aí o prazer sexual é buscado fora da relação sexual exigida pela ordem moral , que realiza, no contexto de um amor verdadeiro, o sentido integral da doação mútua e da procriação humana.´ O Catecismo também diz que ´para formar um juízo sobre a responsabilidade moral dos sujeitos e orientar a ação pastoral, se deverá levar em conta a imaturidade afetiva, a força dos hábitos contraídos, o estado de angústia ou outros fatores psíquicos ou sociais que minoram ou deixam mesmo extremamente atenuada a culpabilidade moral.´ (§2352) Leia com atenção o que está acima. Veja que a Igreja reconhece que a masturbação é uma falta grave, mas que a culpa moral pode ser atenuada por fatores sociais, psíquicos ou afetivos. Recomendo que você não se afaste de Deus e da Igreja por causa da masturbação; mas se confesse toda vez que cair nela. Penso que poderá comungar, se foi uma queda isolada, mas se foi uma queda repetida muitas vezes, então é melhor confessar antes. Realmente este pecado nos humilha; e santo Agostinho diz que é exatamente daí (nossa humilhação) que Deus tira algo de bom até do pecado, que não é da sua Vontade. Até o pecado serve para a santificação. Você terá que lutar contra este vício sempre; é mais ou menos como a droga bebida, que a pessoa parece que nunca fica curada, mas sustentada por Deus. Penso às vezes que o Senhor permite este tipo de coisa para nos obrigar a ser ´dependentes da sua graça´, o tempo todo. Assim ficamos cientes do nosso nada. Os remédios contra a queda na masturbação são os mesmos para os demais pecados: ´vigiai e orai´. Orar sempre, sem cessar. Certa vez um padre velhinho me disse que ´mosca não assenta em prato quente´; o demônio não derruba quem mantém o espírito aquecido pela oração, pela eucaristia, pelo Rosário, pela meditação da Palavra; enfim, pela vida espiritual. E depois, vigiar; fugir das ocasiões; esta é uma fuga heróica; a fuga da ocasião de pecado. O provérbio diz que ´quem ama o perigo nele perecerá´ e que ´a ocasião é que faz o ladrão´. Portanto, fugir de toda ocasião, leitura, conversa, revista, filme, etc, que exite a libido... A queda vem sempre depois de um descuido na vigilância... Isto é fundamental. Um remédio, também fundamental, será a Confissão, sempre que necessária; muitas vezes humilhante para nós; mas traz a cura de Deus. Enfrente. Sobretudo, na hora da tentação, o melhor pensamento será este: ´não voi pecar por amor a Jesus, pelo que Ele passou por mim na cruz dolorosa´. O sacrifício de não pecar, será, sem dúvida, uma grande oferta ao coração de Jesus; que estará torcendo pela nossa vitória. Nunca desanime e nunca se desespere. Imediatamente após cada queda, qualquer que seja, não importa quantas vezes você já tenha caído, ponha o joelho no chão e peça, de imediato, o perdão a Deus; tantas vezes quantas forem necessárias. Ele nunca nos negará o perdão. Não dê ouvidos ao demônio, que certamente dirá a você, depois da queda: ´está vendo, você não presta mesmo, deixe tudo, largue tudo, jogue-se de vez no pecado... Deus não vai te perdoar mais, porque abusa da sua misericórdia...´ Não lhe dê ouvidos nesta hora ! Saiba que esta luta árdua contra o pecado da carne tem uma recompensa; amadurece, engrandece, fortalece, e prepara para combates mais duros ainda. Siga em frente, sem olhar atrás; e que sobretudo, Maria, a Mãe da pureza te sustente. Agarre-se a Ela. Deus te abençoe.