Pe Wagner

sexta-feira, 30 de julho de 2010

DEPRESSÃO NÃO É CHILIQUE!


Junto com a tristeza, a pessoa se isola. Tristeza é uma coisa sadia e normal, o que não é normal é a tristeza se prolongar. Pessoa que tem pânico se isola, e a depressão vem como conseqüência. Depressão não é a pessoa ficar triste, mas sim, persistir na tristeza. Junto com a tristeza, a pessoa começa a se isolar e não se alimenta.
Depressão não é “chilique”; é doença! Existem depressões maiores e menores, mas o que mais chega aos consultórios são as depressões atípicas, e é difícil de diagnosticá-las porque elas fazem parte de outras doenças e atingem mais as mulheres depois da menopausa.
Depois dos 45 anos de idade, a incidência de doenças cardiovasculares nas mulheres é muito maior. A depressão na menopausa é muito séria, nessa faixa os filhos já se casaram e a mulher passa pela síndrome do “ninho vazio”. A mulher tem como “dever” cuidar dos filhos, o tempo vai passando e ela coloca como foco de sua vida esse cuidado [dos filhos]. Mesmo que ela tenha várias funções, sempre quer cuidar dos filhos.
Depois que estes saem de casa, ela sente um vazio, e se não tiver nada para preencher essa lacuna, ela entra em depressão. A mãe convida os filhos para almoçarem em casa aos domingos e prepara tudo. Chega o domingo, todos os filhos almoçam e vão embora e a deixam sozinha com tudo para limpar. Se essa senhora não tem Deus para preencher o vazio, ela entra em depressão. “A depressão acontece quando a pessoa perde o sentido de vida”, diz Victor Frankl. Viver é administrar perdas, porque nós vivemos perdendo. “A gente pode perder tudo, mas não podemos perder a fé”, dizia padre Léo.
Quando você está deprimido só se lembra de coisa ruim, cria um sentimento de culpa muito grande. Eu trato as enfermidades com remédio, mas não tem outro de jeito de curar os sentimentos de culpa a não ser pela Trindade Santa. Nós tomamos remédio, mas precisamos acreditar que Deus pode nos libertar.
Se você está sofrendo é porque um dia você gerou o problema, mas como diz a Palavra: “Alegrai-vos no Senhor”.
O perdão é muito importante para nossa saúde física e mental. Quem tem capacidade de perdoar vive mais tempo.
Viva sempre o presente; isso não quer dizer que você não deva pensar no futuro, mas este não pode impedir a vivência do presente.
Quando uma pessoa deprimida diz: “Eu vou me matar”, pode acreditar nela e a leve diretamente para o médico porque senão ela realmente se mata. Elas desenham o plano de morte porque acham que não têm mais saída e que estão dando trabalho para todo o mundo.
O milagre pode acontecer. Quem atesta a cura é o médico e o milagre, o Vaticano. Eu acredito que quem tem fé e toma um remédio vai ser curado, mas não deve tomar medicação sem consulta médica.

OREMOS PELOS NOSSOS PADRES!

Queridos irmãos, hoje vivemos um tempo onde a batalha está totalmente no visível. O Inimigo sabendo que pouco tempo lhe resta colocou o inferno sobre a terra ( Apocalipse 12-12).
Sim, se queremos continuar tendo Missas diárias em todo lugar onde há um filho de Deus sofrendo precisamos nos penitenciar, precisamos nos unir com o Rosário pelo mundo todo. Precisamos imobilizar o mal com nossas orações… Precisamos clamar a Deus pelos Sacerdotes, pela santidade de cada um deles. Por isto não pense você que sua casa será poupada. Por isto não pense você que sua família será poupada sem o seu esforço, sem o seu empenho, sem sua mortificação…
Faça a sua parte, como dizia Santo Inácio, como se você fosse o único responsável. Ore, ore muito, faça jejuns e penitência, pelos Sacerdotes. Há muita mentira no ar, e o pai da mentira tenta dividir o povo de Deus, tenta enfraquecer os vocacionados ao Sacerdócio, mas na história da Igreja, quanto mais se tentava destruir o povo cristão, mas cristãos se multiplicavam, assim foi com Roma assim está sendo hoje.
Mas todos aqueles que abraçam a Fé, entendam como a os Atos lidos no dia de hoje, quando São Paulo diz, tenho que ir a Jerusalém e o Espirito Santo me diz que sofrerei tribulações e dores, mas como disse ontem no Evangelho, no mundo terei tribulações mas Coragem, Eu VENCI O MUNDO!!!!
Então povo de Deus, dobrem seus joelhos, unam-se a nós, mantenham os ouvidos ligados e os olhos atentos, para defender os Consagrados por Deus. No Senhor temos a nossa força!
Como diz o Salmista: Uma coisa Deus falou, duas entendi: O Poder e a Bondade somente vem de Deus!!!!
Coragem

quinta-feira, 29 de julho de 2010

QUAL É A IMPORTANCIA DO LOUVOR?

Qual a importância do Louvor?
A Igreja nos ensina que na eternidade em Deus nossa atividade será louvá´Lo, sem cessar. Citando santo Inácio de Loyola, o Catecismo sempre ensinou que este será o gozo da nossa alma . Na oração Sacerdotal , antes de sofrer a Paixão, Jesus orou assim: ´A vida eterna consiste em que Te conheçam a Ti , um só Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo que enviaste.´(Jo 17,3). Então, a vida eterna consiste em ´conhecer´ e ´louvar´ a Deus. Não é possível louvar a Deus sem conhecê´Lo. Mas este conhecimento de Deus não é apenas teológico, mas principalmente pela comunhão e participação de sua vida divina. Ao contemplar a grandeza ou a beleza de suas obras, todas feitas para nós, com amor, sabedoria e perfeição, nosso coração exulta e nossos lábios cantam como o salmista. Os 150 Salmos são a expressão de um coração apaixonado pelo seu Deus, e que exprime em prosas, versos, canções, gritos e júbilos, toda a sua alegria e todo o seu amor ao Criador. Assim, o louvor é a expressão primeira e necessária de todo aquele que crê. O salmista quer que tudo e todos, sem cessar, em todo o tempo e lugar, cantem as glórias do Senhor. O último dos salmos expressa essa ´explosão´ de louvor: ´ Louvai o Senhor em seu santuário, Louvai em seu majestoso firmamento. Louvai´o por suas obras maravilhosas, Louvai´o por sua majestade infinita. Louvai´o ao som da trombeta, Louvai´o com a lira e a cítara. Louvai´o com tímpanos e danças, Louvai´o com a harpa e a flauta. Louvai´o com símbolos sonoros, Louvai´o com símbolos retumbantes. Tudo o que respira louve o Senhor´ (Sl 150). É maravilhoso esse ´tudo o que respira louve o Senhor´! A Liturgia faz eco a essas palavras dizendo: ´Na verdade, Vós sois santo, ó Deus do universo, e tudo o que criastes proclama o vosso louvor...´ (Or. Eucarística III) Deus, por sua onipotência, onisciência, onipresença, perfeição, majestade, eternidade,... tem direito de receber de todas as suas criaturas o louvor permanente, por uma razão muito simples, foi Ele quem as criou; isto é, as tirou do nada. Por isso dizia São Tomás que ´quanto mais nos afastamos de Deus, mais nos aproximamos do nada.´ O louvor é, portanto, a necessidade da alma que reconhece a grandeza do seu Criador, e agradece as suas maravilhas. Maria, a ´serva do Senhor´, soube expressar muito bem esta realidade: ´Minha alma engrandece o Senhor, Meu espírito exulta de alegria em Deus meu salvador´. Quando louvamos o Senhor, conscientemente, do fundo da alma, não apenas com os lábios, nossa alma sintoniza com Deus, e todas as suas faculdades são ordenadas, harmonizadas e pacificadas. Por isso, diz a Liturgia: ´Na verdade, é justo e necessário, é nosso dever e salvação dar´Vos graças e bendizer´Vos, Senhor, Pai santo, fonte da verdade e da vida...´(Prefácio ´ o dia do Senhor). Deus não precisa do nosso louvor, nós é que precisamos louvá´Lo, a fim de fazermos comunhão com Ele, e nos enriquecermos dos seus dons. É ainda a Liturgia que nos ensina que: ´se louvar a Vós, nada acrescenta à Vossa Majestade, no entanto contribui para a nossa santidade...´. E ainda: ´É justo e nos faz todos ser mais santos louvar a Vós, ó Pai, no mundo inteiro, de dia e de noite, agradecendo com Cristo...´ (Or. Euc. V) Agostinho de Hipona dizia que ´Ser sábio é tudo dirigir ao louvor de Deus´. E afirmava ainda que; ´Ainda que não se possa dizer coisa alguma digna de Deus, Ele admite o obséquio da voz humana e quer que nos rejubilemos com nossas próprias palavras ao louvá´Lo.´ E ensinava aos seus discípulos dizendo: ´Nossa meditação é uma espécie de treino no louvor do Senhor. Se a felicidade da vida futura consiste em louvar a Deus, como poderemos louvá´Lo se não fomos treinados? Louva e bendiz ao Senhor todos e em cada um dos teus dias para que quando venha esse dia sem fim, possas passar de um louvor a outro sem esforço.´ Como não podemos passar o dia em louvor, apenas com os lábios, por causa das atividades, Deus nos deu uma outra maneira de louvá´Lo: cumprindo bem a sua vontade em tudo o que devemos fazer. Assim, tudo será dirigido para a Sua glória. Podemos louvar a Deus com os lábios e com a vida. Santo Agostinho dizia : ´ Vou te dar um meio de louvar a Deus o dia inteiro, se o quiseres. Tudo o que fizeres, faze´o bem e terás louvado a Deus.´ São Paulo nos ensina a fazer tudo com a reta intenção de louvar a Deus: ´Quer comais, quer bebais, ou façais qualquer outra coisa, fazei tudo para a glória de Deus´. (1Cor 10,31) Isto deixa claro que não devemos louvar a Deus somente com palavras, mas também com a vida. O apóstolo ainda insiste aos colossences: ´Tudo o que fizerdes, por palavra ou por obra, fazei´o em nome do Senhor Jesus, dando por Ele graças a Deus Pai´ (Cl 3,17). ´Tudo o que fizerdes, fazei´o de bom coração, como para o Senhor e não para os homens...´(Cl 3,23) Esta é a mais bela maneira de louvar a Deus: cumprir bem a sua vontade. ´Fazer o que Deus quer, e querer o que Deus faz´, dizia Santo Afonso de Ligório. Trabalhar bem, honestamente, fazendo tudo com diligência, capricho, eficiência, sem preguiça e sem murmuração, mesmo entre suores ou lágrimas, é uma belíssima maneira de também louvar a Deus, desde que tudo seja feito por seu amor. Por isso dizia São Bento: ´Ora et labora´. Jesus disse: ´Brilhe vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras, e glorifiquem vosso Pai que está nos céus.´(Mt 5, 16) Portanto, o Pai é glorificado quando os outros observam as nossas ´boas obras´, e não apenas nosso louvor oral. De nada vale louvar a Deus com os lábios e ser um preguiçoso, relapso nos serviços do seu estado, ou displicente na sua profissão. Pouco vale louvar a Deus com os lábios se não o louvar com a vida. Por isso dizia o grande santo de Hipona: ´Canta com os lábios, canta com o coração, canta com a vida.´ Quando Jesus terminou sua missão, antes de sofrer a Paixão, disse ao Pai: ´Eu te glorifiquei na terra. Terminei a obra que me deste para fazer.´(Jo 17,4)

sábado, 24 de julho de 2010

MISSA DE SÉTIMO DIA

PADRE, O QUE É A MISSA DE SÉTIMO DIA?
Não há um embasamento doutrinário para a missa de sétimo dia. É uma bela tradição que se formou na Igreja, com a intenção de sufragar a alma da pessoa falecida, reunindo a comunidade para orar específicamente pela pessoa, oferecendo a Deus, pelo perdão dos seus pecados, a melhor oração que é a Missa.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

OS DONS DO ESPIRITO SANTO

Os dons do Espírito Santo
Os dons do Espírito Santo são como “receptores” aptos a captar os impulsos do Espírito mediante os quais o cristão se encaminha para a perfeição em estilo novo ou com a eficácia que o próprio Deus lhe confere. Possibilitam ao cristão ter a intuição profunda do significado das verdades reveladas por Deus assim como de cada criatura. Proporcionam também tomadas de atitude que nem a razão natural nem as virtudes humanas, sujeitas sempre a hesitações e falhas, conseguiriam indicar ou efetivar.
Para ilustrar o que são os dons, pode-se recorrer à imagem de um barco que navega: se é movido a remos, avança lenta e penosamente, com grande esforço para os remadores. Caso, porém, estes desdobram as velas do barco para que capte o sopro dos ventos favoráveis, os remadores descansam e o barco progride em estilo novo segundo velocidade “sobre-humana”. – Ora o barco movido ao sopro do vento que bate contra as velas, é imagem do cristão impelido pelo Espírito, segundo medidas divinas, para a meta da sua santificação.
Os dons do Espírito Santo são sete, segundo a habitual recensão dos teólogos: sabedoria, entendimento, ciência, conselho, fortaleza, pie­dade, temor de Deus. Para se beneficiar da ação do Espírito Santo, o cristão deve dispor-se de duas maneiras principais:
a) cultivando o amor, pois é o amor que propicia afinidade com Deus e, por conseguinte, torna o cristão apto a ser movido pelo Espírito de Deus; b) procurando jamais dizer um Não consciente e voluntário às inspirações do Espírito. Quem se acostuma a viver assim, cresce mais velozmente na sua estatura definitiva e se configura mais fielmente ao Cristo Jesus.
Em nossos dias a renovação da oração e da espiritualidade cristãs apela freqüentemente para a ação do Espírito Santo nos corações. Muitos fiéis se tornam conscientes de que “ninguém pode dizer “Jesus Cristo é o Senhor” senão sob a moção do Espírito Santo” (cf. 1Cor 12, 3), sabem cada vez mais que “todos os que são movidos pelo Espírito de Deus, são filhos de Deus” (cf. Rm 8, 14). A consciência destas verdades vem despertando cada vez mais a atenção para a teologia espiritual. É, pois, oportuno procurarmos conhecer melhor as maneiras como o Espírito Santo age nos corações, descrevendo os seus dons e o significado destes na vida dos filhos de Deus.
1. Que são os dons do Espírito Santo?
1. Do inicio, é preciso propor a distinção que a Teologia costuma fazer entre dons e carismas (embora a palavra charisma em grego sig­nifica dom).
Por carismas entendem-se graças especiais pelas quais o Espíri­to Santo torna os cristãos aptos a tarefas e funções que contribuem para o bem ou o serviço da comunidade: assim seriam o dom de profecia, o das curas, o das línguas, o da interpretação das línguas… Os carismas têm por vezes (não sempre) índole extraordinária, como no caso de certas curas ou da glossolalia.
Por dons compreendem-se faculdades outorgadas ao cristão para seguir mais seguramente os impulsos do Espírito no caminho da perfeição espiritual. Os dons e seus efeitos são discretos, não chamando a atenção do público por façanhas portentosas.
2. Para entender melhor o que sejam os dons do Espírito, recorra­mos a uma analogia:
Quando uma criança nasce para a vida presente, é dotada por Deus de tudo que é necessário à sua existência humana: recebe, sim, um or­ganismo completo e uma alma portadora de faculdades típicas do ser humano. Como se compreende, esse conjunto ainda não esta plena­mente desenvolvido quando o bebê vem ao mundo, mas é certo que a criança possui tudo que constitui a pessoa humana.
Ora algo de análogo se dá na vida espiritual. Diz-nos Jesus que renascemos da água e do Espírito Santo pelo batismo (cf. Jo 3, 5). Este renascer importa receber uma vida nova, a vida dos filhos de Deus, trazida pela graça santificante. Essa vida nova tem suas faculdades próprias, que são:
1) as virtudes infusas
a) teologais (fé, esperança, caridade): virtudes que nos põem em contato imediato com Deus;
b) morais (prudência, justiça, temperança, fortaleza): virtudes que orientam o comportamento do cristão frente aos valores deste mundo;
2) os dons do Espírito Santo, “receptáculos” próprios para captar as moções do Espírito Santo.
Importa salientar bem a diferença entre as virtudes infusas e os dons do Espírito Santo.
As virtudes infusas são ditas infusas porque não adquiridas pelo homem. São princípios de reta outorgados ao cristão juntamente com a graça santificante, para que se comporte não apenas como ser racional, mas como filho da Deus, elevado a ordem sobrenatural1. Os critérios de conduta do cristão são as grandes verdades da fé ou da ordem sobrenatural (que nem sempre coincidem com os da razão); por isto é que, ao renascer como filho de Deus, todo homem recebe os respectivos princípios de conduta nova, que são as virtudes infusas. Destas, três se orientam diretamente para Deus (a fé, a esperança e a caridade) e quatro se orientam para o reto uso dos bens deste mundo (prudência, justiça, temperança, fortaleza). Quando o cristão age mediante as virtu­des infusas, é ele mesmo quem age segundo moldes humanos, limitados, lutando contra os obstáculos que geralmente a prática do bem encontra; de maneira lenta e trabalhosa o cristão cresce na fé, na caridade, na temperança, na fortaleza…, estando sempre sujeito a contradizer-se ou a cometer um ato incoerente com tais virtudes.
É sobre este fundo de cena que se devem entender os dons do Espírito Santo. Estes podem ser comparados a faculdades novas ou “antenas” que nos permitem apreender moções do Espírito Santo em virtude das quais agimos segundo um estilo novo, certeiro, firme, sem hesitação alguma e com toda a clarividência. Esta afirmação pode-se tornar mais clara mediante algumas comparações:
a) Imaginemos um barco que navega a remos… Adianta-se lenta­mente e com grande esforço e fadiga por parte dos remadores. Caso, porém, este barco tenha velas dobradas, admitamos que os remadores resolvam desdobrá-las, a fim de captar o vento que lhes é favorável. Em conseqüência, os marujos deixarão de remar, e o mesmo barco será movido a velocidade “sobre-humana”, de maneira nova a muito mais ve­loz do que quando movido a remos.
Ora o “mover-se a remos” corresponde ao esforço humano (sempre prevenido pela graça) para progredir na prática do bem mediante as virtudes infusas. O “deixar-se mover pelo vento que bate nas velas des­dobradas”, corresponde ao progresso provocado pela ação direta do Espírito Santo, que move os seus dons (= velas) em nós; progredimos então muito mais rapidamente segundo um estilo novo.
b) Eis outra comparação: admitamos um pintor genial que se dispõe a realizar uma obra-mestra. Para iniciar, ele confia aos discípulos mais adiantados o trabalho de preparar a tela, combinar as cores e esquematizar o quadro. Quando tudo está preparado e começa a parte mais importante da obra, o próprio mestre traça as linhas finíssimas de sua obra, revelando o seu gênio e cristalizando a sua inspiração. – De maneira análoga, o Espírito traça no íntimo de cada cristão a imagem do Cristo Jesus. Os inícios desta tarefa, Ele os realiza mediante a nossa colaboração, permitindo-nos agir segundo os nossos moldes humanos (ou mediante as virtudes infusas). Quando, porém, se trata dos traços mais típicos do Cristo na alma humana, o próprio Espírito assume a tare­fa da os delinear utilizando instrumentos especialmente finos a preciosos, que são seis dons.
Exemplificando, diremos: o homem prudente que, para a orientação de seus atos, só dispusesse de suas qualidades naturais e da virtude infusa da prudência, acertaria realmente, mas com grande lentidão, depois de várias tentativas. A prudência humana é insegura e tímida, mesmo quando acerta. – Ao contrário, quem age sob o influxo do dom do conselho, que corresponde à virtude da prudência, descobre de maneira rápida, certeira e firme o que deve fazer em cada caso.
Eis outro exemplo: quando o cristão se eleva, pela luz da fé, ao conhecimento de Deus, ele o faz de maneira imperfeita e laboriosa, re­correndo a imagens que são, ao mesmo tempo, claras e obscuras. – Dado, porém, que o cristão seja movido pelo Espírito mediante os dons de sabedoria e inteligência, ele contempla Deus e seu plano salvífico numa lúcida concatenação de idéias em poucos instantes e com grande sabor espiritual (em vez dos esforços exigidos pela virtude da fé).
As normas das virtudes são diferentes das normas dos dons. Quem age sob o influxo das virtudes, segue a norma do homem iluminado pela luz de Deus. Mas quem age sob o influxo dos dons do Espírito, segue a norma do próprio Deus participada ao homem.
3. Note-se que os dons do Espírito não são privilégio dos santos. Todos os cristãos os recebem no Batismo. Nem são necessários apenas às grandes obras, mas tornam-se indispensáveis à santificação do cristão mesmo na vida cotidiana.
O cristão pode permitir cada vez mais a ação do Espírito Santo em sua vida mediante os dons, caso se dedique especialmente ao cultivo das virtudes (principalmente da caridade) e se torne mais e mais dócil às inspirações do Espírito Santo. A prática do amor é importante, pois é o amor que nos comunica particular afinidade com Deus, adaptando-nos ao modo de agir do próprio Deus.
Procuramos agora penetrar no sentido próprio de cada um dos dons do Espírito.
2. Os dons em particular
A Tradição cristã costuma enunciar sete dons do Espírito, baseando-se no texto de Is 11,1-3 traduzido para o grego na versão dos LXX:
” 1 Brotará uma vara do tronco de Jessé
E um rebento germinará das suas raízes.
2E repousará sobre ele o espírito do Senhor:
Espírito de sabedoria e entendimento,
Conselho e fortaleza,
Ciência e temor de Deus,
3Piedade…”
O texto original hebraico, em lugar de piedade, dá a ler; “Sua inspi­ração estará no temor do Senhor“. Enumerando seis ou sete dons do Espírito, o texto bíblico não tenciona esgotar a realidade dos mesmos: estes são tantos quantos se fazem necessários para que o Espírito leve o cristão à perfeição definitiva. Os sete dons enumerados pelo texto dos LXX e pela Tradição vêm a ser, sem dúvida, os principais. Distingamo-los de acordo com a faculdade humana em que cada qual se situa:
Intelecto: ciência, entendimento, sabedoria, conselho.
Vontade: piedade.
Apetite irascível: fortaleza.
Apetite de cobiça: temor de Deus.
Passemos agora à análise de cada qual de per si.
2.1. Ciência
A ciência humana perscruta o universo e seus fenômenos, procu­rando as causas imediatas destes e concatenando-as entre si para ter uma explicação mais ou menos clara da realidade.
Ora o dom da ciência, embora não defina a natureza e as proprie­dades físicas ou químicas de cada criatura, faz que o cristão penetre na realidade deste mundo sob a luz de Deus, vê cada criatura como reflexo da sabedoria do Criador e como aceno ao Supremo Bem.
Mais: o dom da ciência leva o homem a compreender, de um lado, o vestígio de Deus que há em cada ser criado, e, de outro lado, a exigüidade ou insuficiência de cada qual.
Vestígio de Deus… São Francisco de Assis soube ouvir e procla­mar o canto das criaturas ao Senhor. As flores, as aves, a água, o fogo, o sol… tudo lhe era ocasião de contemplar e amar a Deus.
Exigüidade… Toda criatura, por mais bela que seja, é sempre limi­tada e insuficiente para o coração humano. Este foi feito para o Bem infinito e só neste pode repousar. Percebendo isto após uma vida leviana, muitos homens e mulheres se converterem radicalmente a Deus. Tal foi o caso de S. Francisco Borja (+ 1572), que ao contemplar o cadáver da rainha Isabel, exclamou: “Não voltarei a servir a um senhor que possa morrer!” Tal foi outrossim o caso de S. Silvestre (+ 1267)… Estes cometeram a “loucura” de tudo deixar a fim de possuir mais plenamente uma só coisa: o Reino de Deus ou a presença do próprio Deus.
O dom da ciência ensina também a reconhecer melhor o significado do sofrimento e das humilhações; estes “contra-valores”, no plano de Deus, têm o valor de escola que liberta e purifica o homem. Configuram o cristão a Jesus Cristo, concedendo-lhe um penhor de participação na glória do próprio Senhor Jesus. Se não fora o sofrimento, muitos e muitos homens não sairiam de sua estatura anã e mesquinha,… nunca atingiriam a plenitude do seu desenvolvimento espiritual.
São estes alguns dos frutos do dom da ciência.
2.2. Entendimento ou inteligência
A palavra “inteligência” é, segundo alguns, derivada de intellegere = intuslegere, ler dentro, penetrar a fundo.
Na ordem natural, entendemos (intelligimus) quando captamos o âmago de alguma realidade. Na linha da fé, paralelamente entender é penetrar, ler no íntimo das verdades reveladas por Deus, é ter a intuição do seu significado profundo. Pelo dom do entendimento, o cristão contempla com mais lucidez o mistério da SS. Trindade, o amor do Redentor para com os homens, o significado da S. Eucaristia na vida cristã….
A penetração outorgada pelo dom da inteligência (ou do entendi­mento) difere daquela que o teólogo obtém mediante o estudo; esta é relativamente penosa e lenta; além do que, pode ser alcançada por quem tenha acume intelectual, mesmo que não possua grande amor. Ao contrário, o dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus.
Para ilustrá-lo, conta-se que um irmão leigo franciscano disse certa vez a S. Boaventura (+ 1274), o Doutor Seráfico: “Felizes vós, homens doutos, que podeis amar a Deus muito mais do que nós, os ignorantes!” Respondeu-lhe Boaventura: “ Não é a doutrina alcançada nos livros que mede o amor, uma pobre velha ignorante pode amar a Deus mais do que um grande teólogo, se estiver unida a Deus”. O irmão compreendeu a lição e saiu gritando pelas ruas: “Velhinha ignorante, você pode amar a Deus mais do que o mestre Frei Boaventura!”
O irmão dizia a verdade. Na ordem natural, é compreensível que o amor brote do conhecimento. Na ordem sobrenatural, porém, pode acontecer o inverso: é o amor que abre os olhos do conhecimento. Os que mais amam a Deus, são os que mais profundamente dissertam sobre Ele.
Como frutos do dom do entendimento, podemos enunciar as intuições das verdades da fé que são concedidas a muitos cristãos durante o seu retiro espiritual ou no decurso de uma leitura inspirada pelo amor a Deus. O “renascer da água e do Espírito”, a imagem da videira e dos ramos, o “seguir a Cristo” tomam então clareza nova, apta a transfor­mar a vida do cristão.
O dom do entendimento manifesta também o horror do pecado e a vastidão da miséria humana. Por mais paradoxal que pareça, é preciso observar que os santos, quanto mais se aproximaram de Deus (ou quanto mais foram santos), tanto mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância daquele que é três vezes santo.
Em suma, o dom do entendimento faz ver melhor a santidade de Deus, a infinidade do seu amor, o significado dos seus apelos e também… a pobreza, não raro mesquinha, da criatura que se compraz em si mesma, em vez de aderir corajosamente ao Criador.
2.3. O dom da sabedoria
Na ordem natural do conhecimento, a inteligência humana não se contenta com noções isoladas, mas procura reunir suas concepções numa síntese sistemática, de modo a concatená-las numa visão harmoniosa. A mente humana procura atingir os primeiros princípios e as causas supremas de toda a realidade que ela conhece.
Ora a mesma sistematização harmoniosa ocorre também na ordem sobrenatural. O dom da ciência e o entendimento já proporcionam uma penetração profunda no significado de cada criatura e de cada verdade revelada respectivamente; oferecem também uma certa síntese dos objetos contemplados, relacionando-os com o Supremo Senhor, que é Deus. Todavia o dom que, por excelência, efetua essa síntese harmoniosa e unitária, é o da sabedoria. Esta abrange todos os conhecimentos do cristão e os põe diretamente sob a luz de Deus, mostrando a grandeza do plano do Criador e a insondabilidade da vida daquele que é o Alfa e o Ômega de toda a criação.
Mais: o dom da sabedoria não realiza a síntese dos conhecimentos da fé em termos meramente intelectuais. Ele oferece um conhecimento sápido ou saboroso da verdade1 …Saboroso ou deleitoso, porque se deriva da experiência do próprio Deus feita pelo cristão ou da afinidade que o cristão adquire com o Senhor pelo fato de mais a mais amar a Deus. Uma comparação ajudará a compreender tal proposição: para conhecer o sabor de uma laranja, posso consultar, intelectual e cientificamente, os tratados de Botânica; terei assim uma noção aproximada do que seja esse sabor. Mas a melhor via para conseguir o objetivo será, sem dúvida, a experiência da própria laranja que se faz pelo paladar. Os resultados do estudo meramente intelectual são frios e abstratos, ao passo que as vantagens da experiência são concretas e saborosas.
Ora, na verdade, os dons da ciência e do entendimento fazem-nos conhecer principalmente por via de amor ou de afinidade com Deus. Todavia é o dom da sabedoria que, por excelência, resulta dessa conaturalidade ou familiaridade com o Senhor. Ele se exerce na proporção da íntima união que o cristão tenha com o Senhor Deus. “O dom da sabedoria faz-nos ver com os olhos do Bem-amado”, dizia um grande místico; a partir da excelsa atalaia que é o próprio Deus, contemplamos todas as coisas quando usamos o dom da sabedoria.
Estas verdades dão a ver quanto nesta vida importa o amor de Deus. É este que propicia o conhecimento mais perspicaz e saboroso do mesmo Deus (o que não quer dizer que se possa menosprezar o estudo, pois, se o Criador nos deu a inteligência, foi para que a apliquemos à verdade por excelência, que é Deus). Aliás, observam muito a propósito os teólogos: veremos a Deus face-a-face por toda a eternidade na proporção do amor com que o tivermos amado nesta vida. O grau do nosso amor, na hora da morte, será o grau da nossa visão de Deus na vida eterna ou por todo o sempre. É por isto que se diz que o amor é o vínculo ou o remate da perfeição (cf. Cl 3, 14). “No ocaso de sua vida, cada um de nós será julgado na base do amor”, diz S. João da Cruz.
2.4. Conselho
Afirmam os teólogos que Deus não deixa faltar às suas criaturas o que lhes é necessário, nem é propenso a dons supérfluos, pois Deus tudo faz com número, peso e medida (cf. Sb 11, 20). Em tudo resplandece a sua sabedoria. Por isto é que Deus é providente, ou seja, Ele providencia os meios para que cada criatura chegue retamente ao seu fim devido.
Ora acontece que, para realizarmos determinada atividade, exercemos um processo mental que tem por objetivo examinar cuidadosamente não só a conveniência dessa atividade, mas também todas as circunstâncias em que ela se deve desenrolar. Muitas vezes esse processo se efetua sem que dele tomemos plena consciência. Quanto, porém, nos vemos diante de uma tarefa rara ou mais exigente do que as de rotina, o processo deliberativo é mais intenso e, por isto, se torna mais consciente; a mente se esforça por ver claro e fazer a opção mais adequada, sem que, porém, o consiga de imediato. Não raro é necessário recorrer ao conselho de outra pessoa mais experimentada.
É por efeito da virtude (natural e infusa) da prudência que cada cristão delibera sobre o que deve e não deve fazer. É a prudência que avalia os meios em vista do respectivo fim.
Pois bem. Em correspondência à virtude da prudência, existe um dom do Espírito Santo, chamado “dom do conselho”. Este permite ao cristão tomar as decisões oportunas sem a fadiga e a insegurança que muitas vezes caracterizam as deliberações da virtude da prudência. Esta por si não basta para que o cristão se comporte à altura da sua vocação de filho de Deus,… vocação que exige simultaneamente grande cautela ou circunspecção e extrema audácia ou coragem. Nem sempre a virtude humana entrevê nitidamente o modo de proceder entre polos antitéticos. A criatura, limitada como é, nem sempre consegue conhecer adequadamente o momento presente, menos ainda é apta a prever o futuro e – ainda – sente dificuldade em aplicar os conhecimentos do passado à compreensão do presente e ao planejamento do futuro. É preciso, pois, que o Espírito Santo, em seu divino estilo, lhe inspire a reta maneira de agir no momento oportuno e exatamente nos termos devidos.
Assim o dom do conselho aparece como um regente de orquestra que coordena divinamente todas as faculdades do cristão e as incita a uma atividade harmoniosa e equilibrada. Imagine-se com que circunspecção (cautela e audácia) um maestro rege os múltiplos instrumentos de sua orquestra: assinala a cada qual o momento preciso em que deve entrar e os matizes que deve dar à sua melodia. Assim faz o Espírito mediante o dom do conselho em cada cristão.
Diz a Escritura que há um tempo exato para cada atividade1;
fora desse momento preciso, o que é oportuno pode tornar-se inoportuno.
Ora nem sempre é fácil discernir se é oportuno falar ou calar, ficar ou partir, dizer Sim ou dizer Não. Nem as pessoas prudentes, após muito refletir, conseguem definir com segurança o que convém fazer. Ora é precisamente para superar tal dificuldade que o Espírito move o cristão mediante o dom do conselho.
2.5. Piedade
Todo homem é chamado a viver em sociedade, relacionando-se com Deus e com os seus semelhantes. Requer-se que esse relacionamento seja reto ou justo. Por isto a virtude da justiça rege as relações de cada ser humano, assumindo diversos nomes de acordo com o tipo de relacionamento que ela deve orientar: é justiça propriamente dita, sempre que nos relacionamos com aqueles a quem temos uma dívida rigorosa; a justiça se torna religião desde que nos voltemos para Deus; é piedade, se nos relacionamos com nossos pais, nossa família ou nossa pátria; é gratidão, em relação aos benfeitores.
Ora há um dom do Espírito que orienta divinamente todas as relações que temos com Deus e com o próximo, tornando-as mais profundas e perfeitas: é precisamente o dom da piedade. São Paulo implicitamente alude a este dom quando escreve: “Recebestes o espírito de adoção filial, pelo qual bradamos: “Abá, ó Pai” (Rm 8, 15). O Espírito Santo, mediante o dom da piedade, nos faz, como filhos adotivos, reconhecer Deus como Pai.
E, pelo fato de reconhecermos Deus como Pai, consideramos as criaturas com olhar novo, inspirado pelo mesmo dom da piedade.
Examinemos de mais perto os efeitos do dom da piedade.
Frente a Deus ele nos leva a superar as relações de “dar e receber” que caracterizam a religiosidade natural; leva a não considerar tanto os benefícios recebidos da parte de Deus, mas, muito mais, o fato de que Deus é sumamente santo e sábio: “Nós vos damos graças por vossa grande glória”, diz a Igreja no hino da Liturgia eucarística; é, sim, próprio de um filho olhar a honra e a glória de seu pai, sem levar em conta os benefícios que ele possa receber do mesmo. É o dom da piedade que leva os santos a desejar, acima de tudo, a honra e a glória de Deus “… para que em tudo seja Deus glorificado”, diz São Bento, ao passo que S. Inácio de Loiola exclama: “… para a maior glória de Deus”. É também o dom da piedade que desperta no cristão viva e inabalável confiança em Deus Pai,… confiança e entrega das quais dá testemunho S. Teresinha de Lisieux na sua doutrina sobre a infância espiritual.
O dom de piedade não incita os cristãos apenas a cumprir seus deveres para com Deus de maneira filial, mas leva-os também a experimentar interesse fraterno para com todos os seus semelhantes. Típico exemplo deste sentimento encontra-se na vida de S. Francisco de Assis: quando este, certo dia, sonhando com as glórias de um cavaleiro medieval, avistou um leproso, sentiu-se impelido a superar qualquer repugnância e a dar-lhe o ósculo que exprimia a fraternidade de todos os homens entre si.
O dom de piedade, tornando o cristão consciente de sua inserção na família dos filhos de Deus, move-o a ultrapassar as categorias do direito e do dever, a fim de testemunhar uma generosidade que não regateia nem mede esforços desde que sirva aos irmãos. É o que manifesta o Apóstolo ao escrever: “Quanto a mim, de bom grado me despenderei, e me despenderei todo inteiro, em vosso favor” (2Cor 12, 15).
2.6. Fortaleza
A fidelidade à vocação cristã depara-se com obstáculos numerosos, alguns provenientes de fora do cristão; outros, ao contrário, do seu íntimo ou das suas paixões. Por isto diz o Senhor que “o Reino dos céus sofre violência dos que querem entrar, e violentos se apoderam dele” (Mt 11, 12).
Ora, em vista da necessidade de coragem e magnanimidade que incumbe ao cristão, o Espírito lhe dá o dom da fortaleza. Esta nem sempre consiste em realizar vultosas e admiradas pelo público, mas não raro implica paciência, perseverança, tenacidade, magnanimidade silenciosas… Pelo dom da fortaleza, o Espírito impele o cristão não apenas àquilo que as forças humanas podem alcançar, mas também àquilo que a força de Deus atinge. É essa força de Deus que pode transformar os obstáculos em meios; é ela que assegura tranqüilidade e paz mesmo nas horas mais tormentosas. Foi ela que inspirou a S. Francisco de Assis palavras tão significativas quanto estas: “Irmão Leão, a perfeita alegria consiste em padecer por Cristo, que tanto quis padecer por nós”.
2.7. Temor de Deus
Para entender o significado desde dom, distingamos diversos tipos de temor: a) o temor covarde ou da covardia; b) o temor servil ou do castigo; c) o temor filial. Este consiste na repugnância que o cristão experimenta diante da perspectiva de poder-se afastar de Deus; brota das próprias entranhas do amor. Não se concebe o amor sem este tipo de temor.
Com outras palavras: as virtudes afastam, sim, o cristão do pecado, ajudando-o a vencer as tentações. Isto, porém, acontece através de lutas, hesitações e, não raro, deficiências. Ora pelo dom do temor de Deus a vitória é rápida e perfeita, pois então é o Espírito que move o cristão a dizer Não à tentação.
O dom do temor de Deus se prende inseparavelmente à virtude da humildade. Esta nos faz conhecer nossa miséria; impede a presunção e a vã glória, e assim nos torna conscientes de que podemos ofender a Deus; daí surge o santo temor de Deus. O mesmo dom também se liga à virtude da temperança; esta modera a concupiscência e os impulsos desordenados do coração; com ela converge o temor de Deus, que, por impulso de ordem superior, modera os apetites que poderiam ofender a Deus.
Os santos deram provas sensíveis de santo temos de Deus. Tenha-se em vista S. Luís de Gonzaga, que, conforme se narra, derramou copiosas lágrimas certa vez quando teve que confessar suas faltas,… faltas que, na verdade, dificilmente poderiam ser tidas como pecados. Para o santo, essas pequeninas faltas eram sinais do perigo de poder um dia afastar-se de Deus. Ora, para quem ama, qualquer perigo deste tipo tem importância.
Eis, em grandes linhas, o significado dos dons do Espírito Santo na vida cristã. São elementos valiosos para o progresso interior, elementos que o Espírito mais e mais utiliza, se o cristão procura amar realmente a Deus e ao próximo e jamais dizer um Não consciente às inspirações da graça.
Revista “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, osb
Revista nº. 479, Ano 2002, Pág. 163.

1 Sobrenatural não quer dizer portentoso ou maravilhoso, mas designa o que ultrapassa as exigências de qualquer natureza criada,… o que é dado gratuitamente por Deus. É sobrenatural, portanto, a elevação do homem à filiação divina ou à comunhão de vida com o próprio Deus a fim de chegar à visão de Deus face-a-face.
1 A palavra sabedoria vem do saber, derivado do verbo latino sapere, que significa “ter gosto de…” – O vocábulo português sabor se origina do latino sapor, que é da mesma raiz que sapere”.
1 Eis o texto de Ecl 3, 1-8:
“Todas as coisas têm o seu tempo, e tudo o que existe debaixo dos céus tem a sua hora.
Há tempo para nascer, e tempo para morrer.
Tempo para plantar, e tempo para arrancar o que se plantou.
Tempo para matar, e tempo para dar vida.
Tempo para destruir, e tempo para edificar.
Tempo para chorar, e tempo para rir.
Tempo para se afligir, e tempo para dançar.
Tempo para espalhar pedras, e tempo para as ajuntar.
Tempo para dar abraços, e tempo para se afastar deles.
Tempo para adquirir, e tempo para perder.
Tempo para guardar, e tempo para atirar fora.
Tempo para rasgar, e tempo para coser.
Tempo para calar, e tempo para falar.
Tempo para amar, e tempo para odiar.
Tempo para a guerra. e tempo para a paz”.

sábado, 3 de julho de 2010

OS JOVENS E O SEXO

Padre, eu não consigo ficar sem sexo. O que devo fazer?
Resposta - O mais importante de tudo é que você quer amar e seguir o caminho de Deus. Este fator determinante em sua vida é o mais importante.
Sobre as quedas e pecados, é preciso em primeiro lugar não desanimar e não se desesperar com eles, mas também não se conformar com eles achando que tudo está bem. Esta é a nossa luta, até o dia da nossa morte, mas não desanime. O que dá sabor e valor à vida cristã, é, exatamente o fato de ser difícil vivê-la como Deus quer. Isto lhe agrada muito.
Então, a maior motivação nossa na luta contra o pecado, deve ser o nosso AMOR A DEUS. Ele nos ama profundamente, nos desejou antes da criação do mundo (Ef 1,4s), entregou Jesus à morte para a nossa salvação, e merece então a nossa resposta de amor. Amor só se paga com amor, dizia o grande S. João da Cruz.
Em segundo lugar, é viver o que Jesus deixou como remédio contra o pecado: ´Vigiai e Orai´. Na sua idade, e também na minha, ninguém será casto e santo sem oração. Recomendo que você reze o Terço bem todos os dias, e participe da Eucaristia todos os dias que puder. O Corpo e o Sangue de Jesus, na Eucaristia, são o melhor remédio para os pecados da carne. Você vê então, que não há um remédio ´milagroso´ contra os pecados da carne. Ela tem que ser mortificada pela oração e também pela penitência. Além disso Vigiar: ´O espírito é forte mas a carne é fraca´ , você já sentiu. Então fuja de tudo o que for ocasião de pecado!
Não tenha medo de fugir destas ocasiões. São fugas heróicas. O principal pecado, não é cair na masturbação, no adultério de pensamento ou virtual, etc, o pior pecado é não ter vigiado e ter chegado até à ´boca do leão´ por nossa culpa. Entendeu? Certa vez eu fui me confessar (isto é muito bom!) e me queixei ao padre, já velhinho, dos meus pecados de sempre. Ele me respondeu: ´meu filho, mosca não assenta em prato quente!...´
A nossa alma não pode esfriar um só instante; por isso, o mais importante a perseverança na oração e na vigilância. Mas se cair, não fique caído nem um instante, levante-se, de imediato, ajoelhe-se, peça perdão ao Senhor e recomece de imediato. Mas vale para Deus a nossa disposição de não ficar caído do que a nossa vitória objetiva contra o pecado. Quem não desanima nesta luta, acaba vencendo. Que Deus te abençoe copiosamente. Leia Rom 8,13.

PADRE, O MEU MARIDO ME ABANDONOU! O QUE EU DEVO FAZER AGORA?

Embora haja também mulheres que abandonem os seus esposos, no entanto, a grande maioria dos casos é de maridos que abandonam as suas esposas, muitas vezes depois de uma traição consumada e assumida. Quantas e quantas mulheres vivem este drama! Desde recém casadas até aquelas que já passaram dos trinta anos de casados. E este deve ser o primeiro consolo para quem vive esta amarga situação; você não está sozinha nesta dor, há uma multidão à sua frente e do seu lado, derramando as mesmas lágrimas.
Pode haver muitas causas para essas separações, mas estou convencido de que a mais freqüente delas é a falta de uma vivência religiosa profunda por parte de muitos homens. Infelizmente para muitos deles, a vida consiste em trabalhar e depois, nas horas vagas se divertir, beber com os amigos e desfrutar dos prazeres da vida. No meio de tudo isso, a falta de espiritualidade permite a entrada da imoralidade sexual, acesso a fitas de vídeo pornográficas, olhares maliciosos para outras mulheres, deleite no convívio de outras ... Até que um dia ele é “fisgado” por alguém que não é a sua esposa, mas que lhe mostra mais atração, “mais amor”, menos idade, que lhe dá “menos aborrecimento”, e mais prazer.
E sem o auxílio da graça de Deus, ele começa a descer a ladeira da permissividade moral, até deixar a verdadeira esposa. Sem Deus não há castidade, não há paciência, não há tolerância... não há verdadeiro amor como S. Paulo pediu aos homens: “maridos, amai as vossas esposas, como Cristo amou a Igreja, e se entregou por ela.” (Ef 5,25). “E se entregou por ela...”
É verdade que em certos casos a esposa traída ou abandonada também possa ter cooperado com a separação: pode ter faltado mais atenção a ele, mais cuidado com o lar e com os filhos, pode ter faltado mais zelo consigo mesmo, pode ter havido muita reclamação e lamúria da parte dela, pode ter faltado mais esforço para uma vida sexual mais harmoniosa, etc., mas nada disso justifica uma traição e a destruição de um lar. Mas, e agora, o que fazer?
Em primeiro lugar há que se ter o desejo de restaurar o próprio casamento; esse homem que se foi é seu marido, você tem direito moral sobre ele; e então, deve lutar para reconquistá-lo com todos os meios legítimos. Nem sempre é fácil, mas sabemos que para Deus nada é impossível (Lc1,37) disse o Anjo a Maria. Então, é começar a rezar e a agir. Antes de tudo confiar na misericórdia de Deus, e não ter pressa, e não marcar hora para ele voltar; há que se dar tempo para à graça de Deus agir. Ela precisa de tempo porque respeita a liberdade dele; mas age.
Quantos maridos já voltaram para o seu lar, depois de uma aventura de “filho pródigo”! Às vezes é preciso esperar anos para que ele volte; assim como o filho pródigo, pode ser que ele comece a pensar a voltar quando a saudade do verdadeiro lar começar a pesar, ou quando uma doença fizer o mundo dos encantos desabar diante dele, ou a ruína financeira o atingir... não sei, mas sei que Deus é o maior especialista em tirar o bem do mal. Por isso, você mulher abandonada, não pode tirar os seus joelhos do chão. “Orar sem cessar sem jamais deixar de faze-lo” (Lc 18,1) é a ordem de Jesus. “Pedi e receberei, buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á” (Lc 11,9).
Deus estabeleceu uma lei: ninguém recebe a sua graça sem lhe pedir. Então peça, derrame suas lágrimas diante dele no Santíssimo Sacramento. Não foi assim que a perseverante Mônica conseguiu depois de vinte anos a conversão do seu querido Agostinho. Ele disse nas suas “Confissões”, que as lágrimas que sua mãe derramava diante de Deus era o sangue do seu coração destilado em seus olhos. Mas, e se ele não voltar? Continue a rezar por ele, porque talvez você possa ser a única pessoa neste mundo que possa fazer algo junto de Deus pela sua salvação. Você mulher, ao menos tem a consciência tranqüila diante de Deus; se você se apresentar diante dele hoje, estará em paz, mas ele não. Isto deve ser o mais importante para você. Enquanto ele não volta, viva a sua vida intensamente para Deus e para os outros. “Só o egoísta desperdiça a vida”, disse Michel Quoist.
Viva para o bem dos seus filhos, de sua família e de todos que precisarem de você. Não coloque toda a felicidade sobre um homem de carne e ossos. Deus é mais importante. Se você chegou à conclusão que, quando do seu casamento, houve algum motivo que possa te-lo tornado inválido, então, consulte o Tribunal da Igreja, e se for o caso dê inicio ao Processo de solicitação de declaração de nulidade. Se oriente com alguém sábio. Se a declaração foi concedida, então, você estará livre para se casar com as bênçãos de Deus.
Mas não comece outro relacionamento, sobretudo sexual, com outro homem, pois isto não é da vontade de Deus, e ninguém é verdadeiramente feliz se não vive conforme a Lei santa de Deus. Se por acaso o seu Processo de nulidade, vai andando bem, e você conheceu alguém que lhe agrada, não se precipite num namoro, mantenha com esta pessoa apenas um bom relacionamento de amigos, até que a Igreja se pronuncie. Mulher traída e abandonada, eu sei que a sua dor é grande; eu sei que o seu coração sangra, porque eu já ouvi muitas de vocês no relato de suas dores, mas eu quero lhe dizer algo importante, a você que tem fé: não desperdice nenhuma dessas lágrimas; ofereça-as todas ao Senhor; una-as ao cálice da Santa Missa, e elas serão sagradas; esta será a sua melhor oração, não só pelo seu esposo que se foi, mas também pela redenção do mundo e sua própria santificação. Não é da cruz que vem a ressurreição? Não é da cruz que vem a salvação? Se de um lado a cruz é drama, de outro lado é uma oportunidade de sangue de fazer comunhão com o Senhor que padeceu muito mais do que isto por nós, e que nos convida a, voluntariamente, “completar o que falta à sua paixão” (Cl 1, 24).
Todo sofrimento é uma chance de santificação depois que Jesus fez dela a matéria prima da salvação. Não perca essa dolorosa chance. Enfim, mulher, houve outra Mulher, que desde o nascimento do seu Filho, experimentou as dores do mundo até a consumação do seu Amado. Una-se a Ela, consagre-se a Ela, derrame suas lágrimas com Ela, segure em suas mãos santas. Ela te sustentará.

PECADO CONTRA O ESPIRITO SANTO

Padre, o que é pecado contra o Espírito Santo?
Resposta - Este pecado não é como os demais: uma falta contra um dos mandamentos; é o endurecimento do coração que leva a pessoa a negar a ação de Deus. No parágrafo 1864 o Catecismo da Igreja explica este pecado, dizendo: ´A misericóridia de Deus não tem limites, mas quem se recusa deliberadamente a acolher a misericórdia de Deus pelo arrependimento, rejeita o perdão de seus pecados e a salvação oferecida pelo Espírito Santo (Dominum et Vivificantem, 46). Semelhante endurecimento pode levar à impenitênia final e à perdição eterna.´
Quando Jesus falou deste pecado (Mc 3, 29; Mt 12, 32; Lc 12,10) foi numa ocasião em que os fariseus disseram que Ele expulsava os demônios por Belzebu, príncipe dos demônios. Ora, eles sabiam que isto não era verdade. Eles endureceram o coração e não puderam crer em Jesus, mesmo com a evidência de que Ele era Deus, mostrada pelos milagres que fazia.
De propósito endureceram o coração para não aceitar Jesus; e nunca se arrependeram disto; é uma recusa à graça de Deus; isto é o pecado contra o Espírito Santo.

POSSESSÃO DIABÓLICA.

Padre, o que é a possessão diabólica?
Resposta: Além das tentações, a Sagrada Escritura, a Tradição da Igreja e o seu Sagrado Magistério falam da possessão diabólica. É uma situação em que o demônio se serve do corpo da pessoa, falando por meio dele e levando-a a blasfemar com ódio contra Deus e seus santos, em atitude compulsiva, sem que o possesso possa resistir.
Neste caso, a pessoa fica isenta de pecado, pois não está no uso pleno da sua razão. As razões pelas quais uma pessoa possa ser dominada a tal ponto pelo demônio, não são muito claras, mas certamente pode ser causada por uma vida de pecado, vivências esotéricas, falta dos sacramentos, especialmente do batismo, e outras razões. Mesmo crianças inocentes já foram encontradas possessas. Os Evangelhos afirmam que Jesus encontrou possessos e os exorcisou. O que Jesus realizou não foi uma farsa teatral, apenas para se adaptar a uma crença errônea dos judeus (eles acreditavam no demônio e na possessão).
Se fosse uma crença errônea dos judeus, Jesus não a teria confirmado de modo algum; logo, se a confirmou, é porque é uma realidade possível. Ele não pode mentir, pois nos disse: “Para isto nasci e vim ao mundo: para dar testemunho da verdade” (Jo 19,37).
A Igreja admite a possibilidade da possessão, tanto assim que, recentemente, atualizou o ritual do exorcismo, e não o prescreveu. O Catecismo da Igreja ao falar do exorcismo afirma: “Quando a Igreja exige publicamente e com autoridade, em nome de Jesus Cristo, que uma pessoa ou objeto sejam protegidos contra a influência do maligno e subtraídos a seu domínio, fala´se em exorcismo. Jesus o praticou (Mc 1, 25s) e é dele que a Igreja recebeu o poder e o encargo de exorcizar (cf. Mc 3, 15; 6, 7.13; 16, 17). Sob uma forma simples, o exorcismo é praticado durante o Batismo. O exorcismo solene, chamado “grande exorcismo”, só pode ser praticado por um sacerdote, com a permissão do Bispo. Nele é necessário proceder com prudência, observando estritamente as regras estabelecidas pela Igreja. O exorcismo visa expulsar os demônios ou livrar da influência demoníaca, e isto pela autoridade espiritual que Jesus confiou à sua Igreja. Bem diferente é o caso de doenças, sobretudo psíquicas, cujo tratamento depende da ciência médica. É importante, pois, assegurar-se, antes de praticar o exorcismo, se se trata de uma presença do malígno ou de uma doença (cf. Código Dir. Can., cân. 1172).” ( cf. Catecismo §1673)
O progresso da medicina e da psicologia ensinam que muitos dos sintomas outrora atribuídos ao demônio, podem ter a sua causa em efeitos patológicos, nervosos, ou mesmo parapsicológicos. Por isso, a Igreja exige que haja um discernimento muito sério antes de se praticar o ritual do exorcismo, que deve ser autorizado pelo Bispo, incumbindo um sacerdote preparado para realizá-lo.