Pe Wagner

terça-feira, 11 de maio de 2010

REENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO


Reencarnação

A volta da discussão sobre a doutrina da reencarnação é resultado do crescimento do fenômeno do ocultismo. Não se trata mais apenas de uma identificação com o espiritismo, mas algo com implicações mais graves. Tenta-se passar a idéia de que a crença na reencarnação sempre acompanhou o homem nas mais diferentes culturas e religiões. Em uma pesquisa realizada em nosso país chegou-se a um alarmante resultado: 34% dos católicos, 29% dos evangélicos e 20% dos não-crentes acreditam nessa possibilidade. A Nova Era, em uma tentativa de difundir a crença na reencarnação, sem associá-la ao espiritismo, usa a expressão "vidas passadas".

O que é reencarnação?
Reencarnar é renascer, depois da morte, em outro corpo humano, animal, vegetal ou mineral de acordo com algumas culturas. É uma tentativa para explicar a questão do castigo para as más obras e prêmio para as boas, oferecendo a possibilidade de purificar-se do mal praticado por meio de diversas vidas. Nessa visão de pensamento a pessoa boa reencarna para receber o mérito das suas boas ações, ou paga por meio do sofrimento pelas más. Assim são justificadas as doenças, os defeitos físicos... Chama-se karma essa lei cega que crê que a reencarnação é o destino de todos os homens.

Origem da reencarnação
As origens da reencarnação remontam mais ou menos a mesma época tanto no Ocidente como no Oriente. Segundo muitos estudiosos, no século VII a.C, Grécia e Índia seriam os lugares onde aparece a idéia de reencarnação.
A reencarnação se desenvolve na Grécia por meio de uma doutrina conhecida como orfismo. O deus do orfismo e Dionísio, filho de Zeus. Conta a mitologia grega que, quando Dionísio estava para receber o poder do mundo, foi devorado por Titão. Seu coração foi salvo e entregue a seu pai, que criou um novo Dionísio. Titão foi fulminado por Zeus e das suas cinzas teriam surgido os homens. Desse modo, o orfismo tenta explicar a tendência do homem para o bem e o mal: ele tem algo de dionisíaco (divino) e titânico (mau). A alma é a parte divina do homem, e o corpo titânico é sua prisão. O orfismo professava a imortalidade, como também que a alma devia voltar a terra em outro corpo para purificar-se do mal praticado em vidas passadas.
Na Índia a reencarnação surge da observação do ciclo da natureza. O sol aparecia de manhã, desaparecia à tarde e voltava no outro dia. As estações do ano iam e voltavam, do verão ao inverno. As plantas desabrochavam, murchavam, para mais tarde reiniciar o seu ritmo. Enfim, a vida parecia feita de ciclos em continua repetição. Essas observações levaram a concluir que também o homem nasce, cresce, morre e a seguir volta a terra. Como na morte o corpo se decompõe, a alma retornaria por meio de outro corpo. A doutrina da reencarnação influenciou o budismo, por meio do qual entrou na China, no Tibete, Japão...
No ocidente a crença da reencarnação foi se difundindo de vários modos. No século XVI, o fi1ósofo Giordano Bruno (1548-1600) foi um dos seus principais defensores. Porém, foi somente no século XIX, na França, com a publicação em 1857 do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (1804-1869), que essa doutrina começa a se popularizar.
Ai são lançados os fundamentos do espiritismo moderno, que passaria a influenciar diversas outras correntes filosóficas e religiosas. Destaca-se Helena Petrovna Blavatsky, colaboradora de Kardec, que fundou a Sociedade Teosófica, que esta nas origens do interesse crescente pelo esoterismo e do pensamento da Nova Era.
Uma tentativa para não se vincular ao espiritismo, mesmo crendo na reencarnação, é a chamada psicologia transpessoal com a terapia de vidas passadas, fundamentada na suposta recordação e cura de experiências de outras vidas que estariam na origem dos conflitos psico1ógicos do presente.

Bíblia e reencarnação
A Sagrada Escritura e muito clara em descartar a possibilidade de reencarnação. O ponto de partida está no fato do ser humano possuir uma dignidade que a distingue do restante da criação: "Então Deus disse: Faf;amos 0 homem a nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Deus criou o homem a sua imagem; criou-o a imagem de Deus, criou o homem e a mulher" (Gn 1, 26-27). Em outras palavras, Deus criou o homem e a mulher com uma identidade pessoal, que não se destrói com a morte. Já para os defensores da reencarnação, uma pessoa poderia passar de um sexo a outro, de uma profissão a outra, de um nível de perfeição moral e metafísico a outro como quem muda de roupa. O ser humano não é um simples conjunto de energia destinado a dissolver-se. A crença na reencarnação despersonaliza a ser humano, diminui a sua grandeza, equiparando-o ao resto da criação. É importante não perder de vista que a amizade com Deus somente é possível se cada um conserva a sua própria identidade.
Outro ponto importante e chamar a atenção sobre a brevidade da vida, como, por exemplo, reza o salmista: "Afastai de mim a vossa ira para que eu tome alento, antes que me vá para não mais voltar" (S138,14). Também é o espírito da oração de Jó, quando este enfrentou uma terrível doença: "Antes que eu parta, para não mais voltar, ao tenebroso país das sombras da morte, opaca e sombria região, reino de sombra e de caos, onde a noite faz as vezes de claridade" (Jó 10,21-22). No livro da Sabedoria 16,14 esta escrito: "Enquanto o homem, se pode matar por sua maldade, não pode fazer voltar o espírito uma vez saído, nem chamar de volta a alma que o Hades já recebeu".
No Antigo Testamento é forte a crença de que nascemos somente uma vez. Quando o rei Davi perdeu seu filho, afirmou: "Mas agora, que morreu, para que jejuar ainda? Posso por acaso fazê-lo voltar a vida? Eu é que irei para junto dele; ele, porém, não voltará mais a mim" (2Sm 12,23).
A reencarnação ficou completamente descartada a partir do ano 200 a. C., com a convicção de que depois da morte a vida continua. Não na terra, mas na eternidade. Trata-se da revelação da doutrina da ressurreição. Aparece pela primeira vez no livro do profeta Daniel: "Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão, uns para uma vida eterna, outros para a ignomínia, a infâmia eterna" (12,2).O profeta Isaias transmite a mesma certeza: "Os teus corpos tornarão a viver, os teus cadáveres ressurgirão" (Is 26,19 - Bíblia de Jerusalém). Também é a profissão de fé dos sete irmãos macabeus diante da ameaça de morte do rei Antíoco IV: " ... tu nos arrebatas a vida presente, mas o Rei do Universo nos ressuscitara para a vida eterna" (2Mc 7,9); e "meus irmãos participam agora da vida eterna, em virtude do sinal da aliança, após terem padecido um instante ... " (2Mc 7,36).
No Novo Testamento a revelação da vida eterna e da ressurreição fica definitivamente confirmada. Jesus procurou levar os seus discípulos à verdade, não aceitando as idéias erradas que tinham sobre a sua pessoa: "Saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe e pelo caminho perguntou-lhes: 'quem dizem os homens que eu sou?' Responderam-lhe os discípulos: 'João Batista; outros Elias; outros um dos profetas'. Então, perguntou-lhes Jesus: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' Respondeu Pedro: ‘Tu és o Cristo'" (Mc 8,27-29). Também ajudou as pessoas o modo como olhava para a morte de entes queridos. Um dos belos exemplos é o encontro com Marta, irmã de Lázaro: "Marta disse a Jesus: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá'. Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressurgirá'. Respondeu-lhe Marta: 'Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia'. Disse-lhe Jesus: 'Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim jamais morrerá. Crês isto? ' Respondeu ela: 'Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, Filho de Deus, aquele que devia vir a este mundo'" (Jo 11, 24-27).
Na parábola do rico e de Lázaro, contou que "aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. E estando ele nos tormentos do inferno..." (Lc 16,22-23). É interessante observar que o Senhor não disse ao homem rico que ele teria uma nova chance reencarnando. Ao contrário, ao rico é dito: "Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lazaro males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento" (Lc 16,25).
Também não foi permitido aparecer aos irmãos vivos para alertá-los do castigo eterno: "Eles lá têm Moisés e os profetas; ouça-nos" (Lc 16,29).
Quando Jesus estava morrendo na cruz, o bom ladrão suplicou: "Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino" (Lc 23,42). A resposta não deixa margem a duvidas: "Jesus respondeu-lhe: 'Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso'" (Lc 23,43). Ao dizer "hoje estarás comigo", é descartada a possibilidade de voltar a nascer neste mundo.
A profissão de fé da Igreja primitiva era muito clara sobre o que acontece no momento em que alguém parte desta vida: "está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo" (Hb 9,27). São Paulo, ao escrever aos filipenses, diz: "Sinto-me pressionado de dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo - o que seria imensamente melhor; mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós" (FI 1,23-24). O apóstolo testemunha não acreditar na reencarnação, pois seria inútil sua vontade de morrer, se ele acreditasse que voltaria em outro corpo.

Alguns textos bíblicos usados para tentar justificar a reencarnação
Os defensores da reencarnação tentam provar sua doutrina usando de modo equivocado alguns trechos da Sagrada Escritura.
- "Quem não nascer de novo...” (Jo 3,3)
O diálogo de Jesus com Nicodemos seria, para os reencarnacionistas, um argumento valioso para a prova de outras vidas. Entretanto, a coisa não é assim tão simples. Por quê?
Um exame atento ao texto revela que Jesus, ao falar da necessidade de "nascer de novo", não está falando de um nascimento por meio do corpo. Quando Nicodemos perguntou: "Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?" (Jo 3,4), a resposta de Jesus foi: " ... quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5). Fica claro tratar-se de um nascimento espiritual e não físico. Jesus está recordando o tema bíblico da regeneração espiritual ou novo nascimento: "Derramarei sobre vos águas puras ... dar-vos-ei um coração novo e em vos porei um espírito novo ... " (Ez 36,25.26). Em outras partes da Bíblia também se fala dessa necessidade de um novo nascimento espiritual: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo" (2Cor 5,17); "E não por meio de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo de regeneração e renovação, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador" (Tt 3,5-6).
- João Batista, reencarnação do profeta Elias
Para provar essa afirmação são usados dois textos:

a) Nascimento de João Batista: Lc 1,13-17
Usam principalmente a descrição dada pelo anjo sobre a missão de João Batista: "irá adiante de Deus com o espírito e o poder de Elias, para reconduzir o coração dos pais aos seus filhos e os rebeldes a sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Lc 1,17).
As palavras "O espírito e o poder de Elias" não se referem de modo algum a uma possível presença do profeta no corpo de João Batista. Aqui está sendo indicado que ele realizará a missão de Deus, como fez Elias no passado. Ademais, é importante não esquecer que quando perguntaram a João Batista se ele era Elias a sua resposta foi: "Não o sou" (Jo 1,21).

b) Transfiguração: Mt 17,11-13
Aqui apóiam-se na afirmação de Jesus em Mt 17,11.13: "Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram antes, fizeram com ele quanto quiseram... os discípulos compreenderam, então, que lhes falava de João Batista".
Novamente estamos diante de uma interpretação figurativa, isto e, indicando que João Batista pregava com a mesma força do profeta Elias. Para a tradição dos judeus, Elias não havia morrido, ou seja, não havia desencarnado. Ele foi arrebatado com o corpo para o céu: "Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu em um turbilhão" (2Rs 2,11).
Também é necessário recordar que, quando Moisés e Elias apareceram a Jesus no monte Tabor, João Batista já havia morrido. Pelas regras da reencarnação o espírito toma forma no ultimo corpo que habitou, desse modo João Batista deveria aparecer, e não Elias.

Os primeiros cristãos acreditavam na reencarnação?
D. Estevão Bettencurt - monge beneditino do Rio de Janeiro - publicou uma carta (18/8/96) esclarecendo um artigo do jornal O Globo, que tinha como título A reencarnação e a Igreja antiga:
"Em vista de declarações publicadas a respeito da Igreja e a reencarnação, convém esclarecer o seguinte: A Igreja nunca professou a reencarnação. Existem testemunhos de Clemente de Alexandria (+215), Ireneu de Lião (+202), Enéias de Gaza (+520) e outros autores que rejeitam peremptoriamente a reencarnação, baseando-se, aliás, nas Escrituras Sagradas; estas professam uma só passagem do homem sobre a terra (Hb 9,27). Acontece, porém, que, a partir do século V, uma corrente de monges do Egito, da Palestina e da Síria, pouco letrados, passaram a acreditar na reencarnação; eram chamados 'origenistas', pois seguiam seu mestre Orígenes (+254), que propusera como simples hipótese uma teoria próxima a reencarnacionista. Logo os abades São Sabas e Gelásio censuraram tal corrente, cujas idéias foram finalmente condenadas pelo Sínodo Permanente de Constantinopla, em 543. O Papa Vigílio aprovou a rejeição da tese, visto que esta é incompatível com a noção de um Deus que salva o homem pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. A reencarnação foi ainda repetidamente rejeitada pelos Concílios Gerais de Lião (1274) e Florença (1439), como também pelo do Vaticano II (1965, Lumen Gentium, 48)".

A reencarnação nega a obra de salvação de Jesus Cristo
Pela doutrina da reencarnação a própria pessoa, por meio de diversas vidas, paga pelos erros cometidos até chegar a uma purificação final. Essa crença reduz a nada o nascimento, paixão, morte e ressurreição de Jesus. E por quê? No Antigo Testamento foi profetizado: "Tomou sobre si nossas enfermidades. E carregou os nossos sofrimentos... foi castigado por nossos crimes. E esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados pelas suas chagas" (Is 53,4.5); no Seu nascimento o anjo anunciou aos pastores: "hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador... " (Lc 2,11);
João Batista apontou para Ele afirmando: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29); São Paulo, de modo forte, revela: "eis aqui uma prova brilhante do amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós" (Rm 5,8).
Esses trechos selecionados indicam uma verdade fundamental: crer na reencarnação afasta a pessoa de Jesus, pois torna desnecessária a sua obra redentora. Ele fica reduzido a uma pessoa boa, mas equivocado em Sua missão e mensagem. Tambem é negada a revelação divina da Bíblia.

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