Pe Wagner

sexta-feira, 28 de maio de 2010

ADORAÇÃO EUCARISTICA

Em meio ao barulho próprio das sociedades contemporâneas, Bento XVI lançou neste domingo, dia em que muitos países comemoram a solenidade do Corpo e Sangue de Jesus (Corpus Christi), um convite a redescobrir o silêncio do coração através da adoração da Eucaristia.«Na vida de hoje, com freqüência barulhenta e dispersiva, é mais importante que nunca recuperar a capacidade de silêncio interior e de recolhimento», afirmou.«A adoração eucarística permite fazê-lo não somente em torno do 'eu', mas em companhia desse 'Tu' repleto de amor, que é Jesus Cristo, o 'Deus que está perto de nós'.» Seu convite ressoou na Praça de São Pedro, no Vaticano, entre os milhares de peregrinos que se haviam congregado ao meio-dia para rezar com ele a oração mariana do Ângelus.A adoração do sacramento da Eucaristia «fora da santa missa continua e intensifica o que já aconteceu na celebração litúrgica, e torna possível uma acolhida verdadeira e profunda de Cristo», explicou o bispo de Roma. Por este motivo, ele aproveitou a oportunidade para «recomendar encarecidamente aos pastores e a todos os fiéis a prática da adoração eucarística».«Expresso minha estima pelos institutos de vida consagrada, assim como pelas associações e confraternidades que se dedicam a ela de forma especial: recordam a todos a centralidade de Cristo em nossa vida pessoal e eclesial», reconheceu. O sucessor de Pedro confessou sua alegria ao constatar que «muitos jovens estão descobrindo a beleza da adoração, tanto pessoal como comunitária».Ao mesmo tempo, convidou «os sacerdotes a estimular os grupos juvenis a esta prática, mas também a que os acompanhem, para que as formas da adoração comunitária sejam sempre apropriadas e dignas, com adequados momentos de silêncio e de escuta da palavra de Deus».

terça-feira, 25 de maio de 2010

DIDAQUÉ - O CATECISMO DA IGREJA PRIMITIVA!

Didaqué significa «instrução» ou "doutrina». Trata-se de um escrito que data de fins do Séc. I de nossa era e, portanto, bem próximo dos escritos do Novo Testamento.
O nome «Instrução dos Doze Apóstolos» lembra At 2,42 ("o ensinamento dos apóstolos"), mas é difícil que a obra tenha sido escrita por algum deles, ou seja, de um só autor. Os estudiosos hoje estão de acordo em dizer que ela é fruto da reunião de várias fontes escritas ou orais, que retratam a tradição viva das comunidades cristas do Séc. 1. Os lugares mais prováveis de sua origem são a Palestina ou a Síria.
A Didaqué é um manual de religião ou, melhor dizendo, uma espécie de catecismo dos primeiros cristãos. Esse documento nos permite conhecer as origens do cristianismo, e principalmente nos dá uma ideia de como eram a iniciação cristã, as celebrações, a organização e a vida das primeiras comunidades.
O autor (ou autores) pertence ao meio judaico-cristão, e dirige seu ensinamento a comunidades formadas por convertidos vindos principalmente do paganismo.
O conteúdo e o estilo da Didaqué lembram imediatamente muitos textos do Antigo e do Novo Testamento, bem como outros escritos criados do séc. 1 d.C. O tom e os temas de muitas exortações se parecem bastante com os da literatura sapiencial e diversos trechos dos evangelhos. Dessa forma, esse catecismo das comunidades da Igreja Primitiva é testemunho vivo de como os primeiros cristãos se alimentavam da Palavra de Deus contida nas Escrituras, transformando e interpretando os textos bíblicos em vista de suas necessidades e situações.
A leitura da Didaqué faz logo sentir que as comunidades cristãs daquele tempo ainda não estavam completamente estruturadas. As comunidades não têm representante oficial fixo (padre ou vigário), os bispos e diáconos são mencionados de passagem, e não sabemos bem quais funções exerciam. Fala-se diversas vezes em «apóstolos, profetas e mestres", dando a impressão de que eram propriamente pregadores itinerantes a serviço de diversas comunidades.
Por outro lado, nota-se que a liturgia é também muito simples e se resume a celebrações feitas em clima doméstico. Os sacramentos mencionados pertencem à iniciação cristã - batismo, confissão, eucaristia - e parecem ser todos administrados pela comunidade, e não por um membro do clero, ainda inexistente.
Visível, contudo, do clima que a comunidade vive, dentro de uma sociedade estruturalmente pagã. A preocupação de não se confundir com o ambiente, de não se deixar manipular por aproveitadores oportunistas (até mesmo disfarçados de profetas), a esperança um pouco nervosa de uma escatologia próxima e o tema da perseverança heróica no caminho da fé são características das comunidades nascentes, que ainda estão descobrindo sua vocação e missão no mundo.
A Didaqué é um convite para as comunidades cristãs em formação descobrirem sua origem e jovialidade próprias. Ela nos faz lembrar que a fonte inspiradora do comportamento, da oração e das celebrações é a Bíblia. Sobretudo, mostra que o cristianismo não é devoção individualista, mas um caminho comunitário em que todos os setores da vida e do comportamento devem ser penetrados pela Palavra de Deus e pela oração.
Na sua simplicidade e profundidade, estimula a viver a vida cotidiana à luz do Evangelho vivo, dentro de um discernimento que frutifica em atos novos, geradores de fraternidade e partilha. Escrita principalmente para os pagãos (nações), ela ainda salienta que o cristianismo não é uma redoma onde a comunidade se refugia, mas um fermento que se expande para transformar toda a sociedade.

sexta-feira, 21 de maio de 2010

AMAR SEMPRE!


AMAR SEMPRE, MESMO NA DOR!


"Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele." (Jo 14,21)

No último discurso de Jesus, é o amor que ocupa o centro: o amor do Pai pelo Filho e o amor a Jesus, que consiste em cumprir os seus mandamentos.


Aqueles que escutavam Jesus não tinham dificuldades em reconhecer nas suas palavras um eco dos Livros sapienciais: "O amor é a observância de suas leis (Sb 6,18) e "facilmente a Sabedoria é contemplada por aqueles que a amam" (Sb 6,12).


E, sobretudo, o "manifestar-se a quem o ama" encontra um paralelo no Antigo Testamento em Sb 1,2, onde está escrito que o Senhor se manifestará àqueles que acreditam nele. Ora, o sentido desta Palavra de Vida que propomos é: quem ama o Filho é amado pelo Pai, e é, por sua vez, também amado pelo Filho, que se manifesta a ele.

"Quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele."

Esta manifestação de Jesus, porém, exige que estejamos no amor. Não é concebível um cristão que não tenha esse dinamismo, essa carga de amor no coração. Se estiver com a bateria descarregada, um relógio não funciona, não marca a hora - e nem se pode dizer que é um relógio. Assim, um cristão que não está sempre na disposição de amar não merece ser chamado de cristão.


Isso porque todos os mandamentos de Jesus se resumem em um único mandamento: o amor a Deus e ao próximo, em quem devemos reconhecer e amar Jesus. O amor não é mero sentimentalismo: ele se traduz em vida concreta, no serviço aos irmãos - principalmente os que estão ao nosso lado -, começando pelas pequenas coisas, pelos serviços mais humildes.

Diz Charles de Foucauld: "Quando amamos alguém, estamos de verdade nele, estamos nele com o amor, vi-vemos nele com o amor, não vivemos mais em nós mesmos, somos 'desprendidos' de nós mesmos, 'fora de nós mesmos'" (Charles de Foucauld, Scritti Spirituali, VII, Città Nuova, Roma 1975, p. 110).

E é por causa desse amor que uma luz abre caminho em nós, a luz de Jesus, segundo a sua promessa: "Quem me ama. me manifestarei a ele" (cf. Jo 14,21). O amor é fonte de luz: amando compreende-se melhor a Deus, que é amor.

E isso faz com que se ame ainda mais e se aprofunde o relacionamento com o próximo. Essa luz, esse conhecimento amoroso de Deus é, portanto, a marca, a prova do verdadeiro amor. E ela pode ser experimentada de vários modos porque em cada um de nós ela assume uma cor, uma tonalidade própria.


Mas essa luz possui algumas características comuns em todas as pessoas: ela nos ilumina sobre a vontade de Deus, nos dá paz, serenidade e uma compreensão sempre nova da Palavra de Deus. É uma luz quente que nos estimula a caminhar na estrada da vida de modo cada vez mais rápido e seguro. Quando as sombras da existência tornarem o nosso caminho inseguro, e até mesmo quando ficarmos paralisados pela escuridão, essa Pa-lavra do Evangelho nos lembrará que a luz se acende com o amor e que bastará um gesto concreto de amor, ainda que pequeno (uma oração, um sorriso, uma palavra), para nos dar a quantidade de luz que nos permitirá seguir adiante.

Quando andamos de bicicleta à noite (nas bicicletas antigas, com dínamo), se pararmos de pedalar nos precipitaremos na escuridão; mas se recomeçarmos a pedalar, o dínamo produzirá a energia necessária para iluminar o caminho.

O mesmo acontece na nossa vida: basta reativarmos o amor, o amor verdadeiro, aquele que dá sem esperar nada em troca, para que se reacenda em nós a fé e a esperança.


Chiara Lubich

PADRE - HOMEM DE ORAÇÃO

No decorrer do Ano Sacerdotal, o Papa destacou em diversas ocasiões a importância fundamental da oração na vida e na missão dos padres. Esta é a convicção de Dom Mauro Piacenza, Secretário da Congregação para o Clero, que identifica na missa o local de máxima oração do sacerdote.
Agindo in persona Christi, como se fosse o próprio Cristo a celebrar, a missa representa para o padre o momento de oração em que está mais próximo de Jesus e no qual exercita de maneira mais sublime o seu ministério, explica o bispo encarregado pelo Ano Sacerdotal. Todavia, existem outras formas de oração para o padre, como a Liturgia das Horas e da Adoração eucarística.
Recordando depois a oração do Terço e a meditação da Palavra de Deus nas Escrituras, Dom Piacenza evidencia a capacidade da oração de iluminar a atividade do padre. Isso porque a oração dos ministros ordenados, assim como o seu empenho pastoral, tem somente um único objetivo: conduzir a Cristo.
"Na celebração da missa, onde temos o vértice, o ápice da ação de culto, da oração, do sacrifício, então ali se configura o padre. Portanto, se eu devo perguntar quem é o padre, devo sobretudo observar o mistério da missa porque devo ver o mistério da cruz e, portanto evidentemente, o mistério da missa que o representa."
"Em meio ao dinamismo de cada dia, a adoração é um espaço de tempo extremamente produtivo."
“É ele que deve pregar, é ele que deve ouvir as confissões, é ele que deve celebrar, é Jesus. E portanto, dizemos que a oração ajuda o padre a realizar aquilo que São João Batista dizia: « é oportuno que eu diminua para que ele cresça ".

quinta-feira, 20 de maio de 2010

EXERCITAR O AMOR

Trechos de um capítulo do livro, chamado "exercitar o amor", do Pe Léo, não é o capítulo completo, mas sim trechos!
"Só que a maioria dos que falam sobre amor compreende o amor como um sentimento ou uma emoção. Para exercitar o amor é preciso descobrir que o amor não é uma emoção. [...]
O amor gesta emoções, mas não se limita aos sentimentos. Sentir é parte do amor, é um dos elementos que compõem o amor, mas não é a sua essência. [...]
Amor é um compromisso, um ato da vontade, uma decisão. [...]
Porque é ato da vontade, o amor deve ser traduzido e expresso concretamente em fatos. [...]
Por isso o amor exige gestos concretos: aproximação, abraços, afagos, beijos, ternura, ajuda mútua, proteção, cuidado e tantas outras atitudes. [...]
Amar é comprometer-se com a felicidade do outro. [...]
O amor baseado nas emoções é um amor completamente inseguro, instável, imaturo e temporário. Quando o amor se baseia nas emoções, a pessoa ama ou deixa de amar conforme seus humores. Se hoje estou me sentindo bem ao lado do ser amado, estou amando; se nao me sinto bem, deixo de amar. Seria cômico se não fosse trágico, e é mais real e frequente do que se imagina. [...]
O verdadeiro amor gera vínculos e compromissos. [...]
Exercitar o amor é tomar a decisão de expressá-lo através do carinho e de gestos concretos. [...]
O maior pecado que cometemos contra o amor é a indiferença, que provoca a negligência. [...]A indiferença é um veneno que intoxica o amor ou deixa-o morrer. A negligência é a eutanásia do amor. [...]
A amarguranascida da negligência acaba produzindo um câncer na alma. Como um verdadeiro câncer, a amargura se multiplica e invade o coração, ferindo-o e infectando-o. As consequências de um coração ferido são bem conhecidas: timidez, agressividade, sentimento de culpa, complexos, medos, traumas, instabilidade emocional, vícios, dureza de coração, desejos de vingança, indelizadeza, especialmente com aqueles que nos são mais próximos. [...]A pessoa contaminada por esse câncer tem muita dificuldade de dar e de receber carinho, tornando-se fria e insensível, além de indelicada. [...]
O medo de tornar a ser desprezados faz com que nos fechemos ao amor. [...]
O verdadeiro amor não é para pessoa fraca de coração. Quem tem o coração ferido e machucado não ama. Gente fraca não ama. O amor não entra no coração dos fracos." [...]

terça-feira, 11 de maio de 2010

REENCARNAÇÃO DO ESPÍRITO


Reencarnação

A volta da discussão sobre a doutrina da reencarnação é resultado do crescimento do fenômeno do ocultismo. Não se trata mais apenas de uma identificação com o espiritismo, mas algo com implicações mais graves. Tenta-se passar a idéia de que a crença na reencarnação sempre acompanhou o homem nas mais diferentes culturas e religiões. Em uma pesquisa realizada em nosso país chegou-se a um alarmante resultado: 34% dos católicos, 29% dos evangélicos e 20% dos não-crentes acreditam nessa possibilidade. A Nova Era, em uma tentativa de difundir a crença na reencarnação, sem associá-la ao espiritismo, usa a expressão "vidas passadas".

O que é reencarnação?
Reencarnar é renascer, depois da morte, em outro corpo humano, animal, vegetal ou mineral de acordo com algumas culturas. É uma tentativa para explicar a questão do castigo para as más obras e prêmio para as boas, oferecendo a possibilidade de purificar-se do mal praticado por meio de diversas vidas. Nessa visão de pensamento a pessoa boa reencarna para receber o mérito das suas boas ações, ou paga por meio do sofrimento pelas más. Assim são justificadas as doenças, os defeitos físicos... Chama-se karma essa lei cega que crê que a reencarnação é o destino de todos os homens.

Origem da reencarnação
As origens da reencarnação remontam mais ou menos a mesma época tanto no Ocidente como no Oriente. Segundo muitos estudiosos, no século VII a.C, Grécia e Índia seriam os lugares onde aparece a idéia de reencarnação.
A reencarnação se desenvolve na Grécia por meio de uma doutrina conhecida como orfismo. O deus do orfismo e Dionísio, filho de Zeus. Conta a mitologia grega que, quando Dionísio estava para receber o poder do mundo, foi devorado por Titão. Seu coração foi salvo e entregue a seu pai, que criou um novo Dionísio. Titão foi fulminado por Zeus e das suas cinzas teriam surgido os homens. Desse modo, o orfismo tenta explicar a tendência do homem para o bem e o mal: ele tem algo de dionisíaco (divino) e titânico (mau). A alma é a parte divina do homem, e o corpo titânico é sua prisão. O orfismo professava a imortalidade, como também que a alma devia voltar a terra em outro corpo para purificar-se do mal praticado em vidas passadas.
Na Índia a reencarnação surge da observação do ciclo da natureza. O sol aparecia de manhã, desaparecia à tarde e voltava no outro dia. As estações do ano iam e voltavam, do verão ao inverno. As plantas desabrochavam, murchavam, para mais tarde reiniciar o seu ritmo. Enfim, a vida parecia feita de ciclos em continua repetição. Essas observações levaram a concluir que também o homem nasce, cresce, morre e a seguir volta a terra. Como na morte o corpo se decompõe, a alma retornaria por meio de outro corpo. A doutrina da reencarnação influenciou o budismo, por meio do qual entrou na China, no Tibete, Japão...
No ocidente a crença da reencarnação foi se difundindo de vários modos. No século XVI, o fi1ósofo Giordano Bruno (1548-1600) foi um dos seus principais defensores. Porém, foi somente no século XIX, na França, com a publicação em 1857 do Livro dos Espíritos, de Allan Kardec (1804-1869), que essa doutrina começa a se popularizar.
Ai são lançados os fundamentos do espiritismo moderno, que passaria a influenciar diversas outras correntes filosóficas e religiosas. Destaca-se Helena Petrovna Blavatsky, colaboradora de Kardec, que fundou a Sociedade Teosófica, que esta nas origens do interesse crescente pelo esoterismo e do pensamento da Nova Era.
Uma tentativa para não se vincular ao espiritismo, mesmo crendo na reencarnação, é a chamada psicologia transpessoal com a terapia de vidas passadas, fundamentada na suposta recordação e cura de experiências de outras vidas que estariam na origem dos conflitos psico1ógicos do presente.

Bíblia e reencarnação
A Sagrada Escritura e muito clara em descartar a possibilidade de reencarnação. O ponto de partida está no fato do ser humano possuir uma dignidade que a distingue do restante da criação: "Então Deus disse: Faf;amos 0 homem a nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastam sobre a terra. Deus criou o homem a sua imagem; criou-o a imagem de Deus, criou o homem e a mulher" (Gn 1, 26-27). Em outras palavras, Deus criou o homem e a mulher com uma identidade pessoal, que não se destrói com a morte. Já para os defensores da reencarnação, uma pessoa poderia passar de um sexo a outro, de uma profissão a outra, de um nível de perfeição moral e metafísico a outro como quem muda de roupa. O ser humano não é um simples conjunto de energia destinado a dissolver-se. A crença na reencarnação despersonaliza a ser humano, diminui a sua grandeza, equiparando-o ao resto da criação. É importante não perder de vista que a amizade com Deus somente é possível se cada um conserva a sua própria identidade.
Outro ponto importante e chamar a atenção sobre a brevidade da vida, como, por exemplo, reza o salmista: "Afastai de mim a vossa ira para que eu tome alento, antes que me vá para não mais voltar" (S138,14). Também é o espírito da oração de Jó, quando este enfrentou uma terrível doença: "Antes que eu parta, para não mais voltar, ao tenebroso país das sombras da morte, opaca e sombria região, reino de sombra e de caos, onde a noite faz as vezes de claridade" (Jó 10,21-22). No livro da Sabedoria 16,14 esta escrito: "Enquanto o homem, se pode matar por sua maldade, não pode fazer voltar o espírito uma vez saído, nem chamar de volta a alma que o Hades já recebeu".
No Antigo Testamento é forte a crença de que nascemos somente uma vez. Quando o rei Davi perdeu seu filho, afirmou: "Mas agora, que morreu, para que jejuar ainda? Posso por acaso fazê-lo voltar a vida? Eu é que irei para junto dele; ele, porém, não voltará mais a mim" (2Sm 12,23).
A reencarnação ficou completamente descartada a partir do ano 200 a. C., com a convicção de que depois da morte a vida continua. Não na terra, mas na eternidade. Trata-se da revelação da doutrina da ressurreição. Aparece pela primeira vez no livro do profeta Daniel: "Muitos daqueles que dormem no pó da terra despertarão, uns para uma vida eterna, outros para a ignomínia, a infâmia eterna" (12,2).O profeta Isaias transmite a mesma certeza: "Os teus corpos tornarão a viver, os teus cadáveres ressurgirão" (Is 26,19 - Bíblia de Jerusalém). Também é a profissão de fé dos sete irmãos macabeus diante da ameaça de morte do rei Antíoco IV: " ... tu nos arrebatas a vida presente, mas o Rei do Universo nos ressuscitara para a vida eterna" (2Mc 7,9); e "meus irmãos participam agora da vida eterna, em virtude do sinal da aliança, após terem padecido um instante ... " (2Mc 7,36).
No Novo Testamento a revelação da vida eterna e da ressurreição fica definitivamente confirmada. Jesus procurou levar os seus discípulos à verdade, não aceitando as idéias erradas que tinham sobre a sua pessoa: "Saiu com os seus discípulos para as aldeias de Cesaréia de Filipe e pelo caminho perguntou-lhes: 'quem dizem os homens que eu sou?' Responderam-lhe os discípulos: 'João Batista; outros Elias; outros um dos profetas'. Então, perguntou-lhes Jesus: 'E vós, quem dizeis que eu sou?' Respondeu Pedro: ‘Tu és o Cristo'" (Mc 8,27-29). Também ajudou as pessoas o modo como olhava para a morte de entes queridos. Um dos belos exemplos é o encontro com Marta, irmã de Lázaro: "Marta disse a Jesus: 'Senhor, se tivesses estado aqui, meu irmão não teria morrido. Mas sei que também, agora, que tudo o que pedires a Deus, Deus to concederá'. Disse-lhe Jesus: 'Teu irmão ressurgirá'. Respondeu-lhe Marta: 'Sei que há de ressurgir na ressurreição no último dia'. Disse-lhe Jesus: 'Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto, viverá. E todo aquele que vive e crê em mim jamais morrerá. Crês isto? ' Respondeu ela: 'Sim, Senhor, eu creio que tu és o Cristo, Filho de Deus, aquele que devia vir a este mundo'" (Jo 11, 24-27).
Na parábola do rico e de Lázaro, contou que "aconteceu morrer o mendigo e ser levado pelos anjos ao seio de Abraão. Morreu também o rico e foi sepultado. E estando ele nos tormentos do inferno..." (Lc 16,22-23). É interessante observar que o Senhor não disse ao homem rico que ele teria uma nova chance reencarnando. Ao contrário, ao rico é dito: "Filho, lembra-te de que recebeste teus bens em vida, mas Lazaro males; por isso ele agora aqui é consolado, mas tu estás em tormento" (Lc 16,25).
Também não foi permitido aparecer aos irmãos vivos para alertá-los do castigo eterno: "Eles lá têm Moisés e os profetas; ouça-nos" (Lc 16,29).
Quando Jesus estava morrendo na cruz, o bom ladrão suplicou: "Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino" (Lc 23,42). A resposta não deixa margem a duvidas: "Jesus respondeu-lhe: 'Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso'" (Lc 23,43). Ao dizer "hoje estarás comigo", é descartada a possibilidade de voltar a nascer neste mundo.
A profissão de fé da Igreja primitiva era muito clara sobre o que acontece no momento em que alguém parte desta vida: "está determinado que os homens morram uma só vez, e logo em seguida vem o juízo" (Hb 9,27). São Paulo, ao escrever aos filipenses, diz: "Sinto-me pressionado de dois lados: por uma parte, desejaria desprender-me para estar com Cristo - o que seria imensamente melhor; mas, de outra parte, continuar a viver é mais necessário, por causa de vós" (FI 1,23-24). O apóstolo testemunha não acreditar na reencarnação, pois seria inútil sua vontade de morrer, se ele acreditasse que voltaria em outro corpo.

Alguns textos bíblicos usados para tentar justificar a reencarnação
Os defensores da reencarnação tentam provar sua doutrina usando de modo equivocado alguns trechos da Sagrada Escritura.
- "Quem não nascer de novo...” (Jo 3,3)
O diálogo de Jesus com Nicodemos seria, para os reencarnacionistas, um argumento valioso para a prova de outras vidas. Entretanto, a coisa não é assim tão simples. Por quê?
Um exame atento ao texto revela que Jesus, ao falar da necessidade de "nascer de novo", não está falando de um nascimento por meio do corpo. Quando Nicodemos perguntou: "Como pode um homem renascer, sendo velho? Porventura pode tornar a entrar no seio de sua mãe e nascer pela segunda vez?" (Jo 3,4), a resposta de Jesus foi: " ... quem não renascer da água e do Espírito não poderá entrar no Reino de Deus" (Jo 3,5). Fica claro tratar-se de um nascimento espiritual e não físico. Jesus está recordando o tema bíblico da regeneração espiritual ou novo nascimento: "Derramarei sobre vos águas puras ... dar-vos-ei um coração novo e em vos porei um espírito novo ... " (Ez 36,25.26). Em outras partes da Bíblia também se fala dessa necessidade de um novo nascimento espiritual: "Todo aquele que está em Cristo é uma nova criatura. Passou o que era velho; eis que tudo se fez novo" (2Cor 5,17); "E não por meio de obras de justiça que tivéssemos praticado, mas unicamente em virtude de sua misericórdia, ele nos salvou mediante o batismo de regeneração e renovação, pelo Espírito Santo, que nos foi concedido em profusão, por meio de Cristo, nosso Salvador" (Tt 3,5-6).
- João Batista, reencarnação do profeta Elias
Para provar essa afirmação são usados dois textos:

a) Nascimento de João Batista: Lc 1,13-17
Usam principalmente a descrição dada pelo anjo sobre a missão de João Batista: "irá adiante de Deus com o espírito e o poder de Elias, para reconduzir o coração dos pais aos seus filhos e os rebeldes a sabedoria dos justos, para preparar ao Senhor um povo bem disposto" (Lc 1,17).
As palavras "O espírito e o poder de Elias" não se referem de modo algum a uma possível presença do profeta no corpo de João Batista. Aqui está sendo indicado que ele realizará a missão de Deus, como fez Elias no passado. Ademais, é importante não esquecer que quando perguntaram a João Batista se ele era Elias a sua resposta foi: "Não o sou" (Jo 1,21).

b) Transfiguração: Mt 17,11-13
Aqui apóiam-se na afirmação de Jesus em Mt 17,11.13: "Elias, de fato, deve voltar e restabelecer todas as coisas. Mas eu vos digo que Elias já veio, mas não o conheceram antes, fizeram com ele quanto quiseram... os discípulos compreenderam, então, que lhes falava de João Batista".
Novamente estamos diante de uma interpretação figurativa, isto e, indicando que João Batista pregava com a mesma força do profeta Elias. Para a tradição dos judeus, Elias não havia morrido, ou seja, não havia desencarnado. Ele foi arrebatado com o corpo para o céu: "Continuando o seu caminho, entretidos a conversar, eis que de repente um carro de fogo com cavalos de fogo os separou um do outro, e Elias subiu ao céu em um turbilhão" (2Rs 2,11).
Também é necessário recordar que, quando Moisés e Elias apareceram a Jesus no monte Tabor, João Batista já havia morrido. Pelas regras da reencarnação o espírito toma forma no ultimo corpo que habitou, desse modo João Batista deveria aparecer, e não Elias.

Os primeiros cristãos acreditavam na reencarnação?
D. Estevão Bettencurt - monge beneditino do Rio de Janeiro - publicou uma carta (18/8/96) esclarecendo um artigo do jornal O Globo, que tinha como título A reencarnação e a Igreja antiga:
"Em vista de declarações publicadas a respeito da Igreja e a reencarnação, convém esclarecer o seguinte: A Igreja nunca professou a reencarnação. Existem testemunhos de Clemente de Alexandria (+215), Ireneu de Lião (+202), Enéias de Gaza (+520) e outros autores que rejeitam peremptoriamente a reencarnação, baseando-se, aliás, nas Escrituras Sagradas; estas professam uma só passagem do homem sobre a terra (Hb 9,27). Acontece, porém, que, a partir do século V, uma corrente de monges do Egito, da Palestina e da Síria, pouco letrados, passaram a acreditar na reencarnação; eram chamados 'origenistas', pois seguiam seu mestre Orígenes (+254), que propusera como simples hipótese uma teoria próxima a reencarnacionista. Logo os abades São Sabas e Gelásio censuraram tal corrente, cujas idéias foram finalmente condenadas pelo Sínodo Permanente de Constantinopla, em 543. O Papa Vigílio aprovou a rejeição da tese, visto que esta é incompatível com a noção de um Deus que salva o homem pela morte e ressurreição de Jesus Cristo. A reencarnação foi ainda repetidamente rejeitada pelos Concílios Gerais de Lião (1274) e Florença (1439), como também pelo do Vaticano II (1965, Lumen Gentium, 48)".

A reencarnação nega a obra de salvação de Jesus Cristo
Pela doutrina da reencarnação a própria pessoa, por meio de diversas vidas, paga pelos erros cometidos até chegar a uma purificação final. Essa crença reduz a nada o nascimento, paixão, morte e ressurreição de Jesus. E por quê? No Antigo Testamento foi profetizado: "Tomou sobre si nossas enfermidades. E carregou os nossos sofrimentos... foi castigado por nossos crimes. E esmagado por nossas iniqüidades; o castigo que nos salva pesou sobre ele; fomos curados pelas suas chagas" (Is 53,4.5); no Seu nascimento o anjo anunciou aos pastores: "hoje vos nasceu na cidade de Davi um Salvador... " (Lc 2,11);
João Batista apontou para Ele afirmando: "Eis o cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (Jo 1,29); São Paulo, de modo forte, revela: "eis aqui uma prova brilhante do amor de Deus por nós: quando éramos ainda pecadores, Cristo morreu por nós" (Rm 5,8).
Esses trechos selecionados indicam uma verdade fundamental: crer na reencarnação afasta a pessoa de Jesus, pois torna desnecessária a sua obra redentora. Ele fica reduzido a uma pessoa boa, mas equivocado em Sua missão e mensagem. Tambem é negada a revelação divina da Bíblia.

sábado, 1 de maio de 2010

SUPERSTIÇÕES E MAGIAS


Superstição

Quantas pessoas entram em um lugar somente com o pé direito, comem lentilhas para pedir prosperidade, usam o branco para atrair bons fluidos, vestem sempre determinada roupa para dar sorte, penduram ferradura atrás da porta, batem na madeira para afastar o azar, não fazem nada no dia 13 e evitam qualquer coisa ligada a este número... Para não falar da "maldição" causada por gatos pretos, passar debaixo de uma escada, quebrar um espelho. Essas e outras práticas revelam uma falta de confiança em si e principalmente nos cuidados de Deus. Chama-se a isso de superstição.
A superstição é a crença de que certas obras, objetos ou números têm força para dar sorte ou azar. Quanto menos uma pessoa conhece e vive o amor de Deus, tanto maior são as suas superstições.
Fé e superstição são duas realidades completamente deferentes. Por quê? A fé está alicerçada nas promessas de Deus: "A fé e o fundamento da esperança, e uma certeza a respeito do que não se vê" (Hb 11,1). Os heróis da Bíblia são apresentados como homens e mulheres que "graças a sua fé (em Deus) conquistaram reinos, praticaram a justiça, viram se realizar as promessas" (Hb 11,33). Já a superstição cria medo na pessoa, levando-a a confiar em coisas e não em Deus.
No Catecismo da Igreja Católica, a superstição é apresentada como um pecado contra o primeiro mandamento da lei de Deus: "A superstição é o desvio do sentimento religioso e das práticas que ele impõe. Pode afetar também o culto que prestamos ao verdadeiro Deus, por exemplo: quando atribuímos uma importância de alguma maneira mágica a certas práticas, em si mesmas legítimas ou necessárias. Atribuir eficácia exclusivamente a materialidade das orações ou dos sinais sacramentais, sem levar em conta as disposições interiores que exigem, e cair na superstição" (n. 2111).

PRINCIPAIS SUPERSTIÇÕES
Correntes de oração
São determinadas orações impressas em folhas prometendo coisas espetaculares para quem as fizer e as divulgar para outras pessoas. Juntam a essa promessa uma ameaça: "Quem não a faz e castigado". O erro desse tipo de oração esta em passar a idéia de que Deus é convencido por uma simples repetição de palavras e por algumas folhas multiplicadas. A esse respeito, Jesus tem um ensinamento: "Nas vossas orações, não multipliqueis as palavras, como fazem os pagãos que julgam que serão ouvidos à força de palavras. Não os imiteis, porque vosso Pai sabe o que vos é necessário, antes que vos lho peçais" (Mt 6,7).
Dar crédito a esse tipo oração é acreditar que Deus castiga aquilo que não é pecado e leva a imaginar que Ele tem a obrigação de atender os pedidos de quem copiou varias vezes uma oração. Se isso é possível, Deus deixa de ser Deus para estar condicionado a vontade dos homens.
As principais condições para ser atendido por Deus são:
- Oração confiante feita com o coração, e não somente com os lábios:
"Invoca-me, e te responderei, revelando-te grandes coisas misteriosas que ignoras" (Jr 33,3).
- Santidade de vida:
"Então as tuas invocações, O Senhor responderá, e a teus gritos dirá: Eis-me aqui. Se expulsares de tua casa toda a opressão, os gestos malévolos e as más conversações; se deres do teu pão ao faminto, se alimentares os pobres, tua luz levantar-se-á na escuridão, e tua noite resplandecerá como o dia pleno" (Is 58,9-10).
Quanto à ameaças de coisas ruins para quem quebra uma corrente de oração, o verdadeiro filho de Deus não tem esse medo. Existe uma promessa maior do que toda a influencia do mal: "porque escolheste O Senhor por teu refugio. Escolheste, por asilo, o Altíssimo. Nenhum mal te atingirá, nenhum flagelo chegará a tua tenda, porque aos seus anjos ele mandou que te guardem em todos os teus caminhos" (S1 90,9-11).

Quebrar espelho
Alguns dizem: "Quem quebra um espelho atrai má sorte para a sua vida". No passado, por falta de conhecimento, existia a crença de que a imagem refletida no espelho era parte do espírito da pessoa. Por isso, se o espelho quebrasse, o mesmo aconteceria com o espírito. Crer em tal mentira e transferir para um objeto sem vida um poder que pertence a Deus: "O espírito do homem é a lâmpada do Senhor: ela penetra os mais íntimos recantos das entranhas" (Pr 20,27).

Ferradura e outros amuletos
A crença popular afirma que pendurar uma ferradura atrás da porta atrai sorte e afasta o demônio. Na Roma antiga os cavalos dos nobres tinham ferraduras de oura ou de prata, por isso quem encontrava uma ferradura possuía um tesouro. Também existia a falsa história de um santo que era ferreiro e conseguiu prender o diabo. Para ganhar a liberdade o demônio prometeu que nunca entraria onde houvesse uma ferradura. No século IV os bispos proibiram aos católicos essa superstição, pois a vitória contra o mal vem de Jesus: "Estes milagres acompanharão os que crerem: expulsarão os demônios em meu nome" (Mc 16,17). O mesmo vale para qualquer outro amuleto ou talismã (trevo de quatro folhas, arruda, duendes, gnomos...).